Seja bem aparecido, senhor Mitro

Não houve tragédia grega na Luz: só sorrisos e festa. Mitroglou bisou, Pizzi marcou e assistiu e as águias  já lá estão, bem na frente do campeonato

Jogo de loucos na Luz. Benfica e Braga proporcionaram um encontro de alto nível, no fecho da jornada 5 do campeonato, e se apenas o Benfica pode festejar, fruto do triunfo conseguido – juntando-lhe as escorregadelas de FC Porto e Sporting no domingo –, também José Peseiro tem razões para estar otimista: a jogar assim, este Braga vai lá. Mas otimista não significa sorridente: isso fica para Rui Vitória, obviamente o vencedor da ronda. Na antevisão, o técnico das águias havia deixado o alerta, em resposta a comentários de outras latitudes: “Não há campeões à quinta jornada.” Para já, à quinta jornada só há o tricampeão em primeiro. Outra vez.

Nem dá para respirar Por largos momentos, o jogo a que se assistiu ontem na Luz podia perfeitamente estar a decorrer na Premier League. Tanta intensidade, velocidade e risco de parte a parte não são costumeiros no futebol nacional – curiosamente, esta época houve outro encontro desta estirpe em Portugal, e precisamente com estas mesmas equipas: na Supertaça, em Aveiro. Ataco eu, respondes tu, defendemos nós… às vezes. Quando der – se não der, logo se vê.

Para começar, um reforço de peso para Rui Vitória: Mitroglou. Recuperado da lesão que o afastou nas últimas semanas, o grego voltou fulgurante: se esteve lesionado, ontem não parecia nada. Logo aos 56 segundos, um remate a rasar o poste da baliza à guarda de Marafona. Estava dado o aviso. Mas o Braga também estava em campo e Fejsa não se apercebeu: só assim se explica o passe vertical que fez pouco depois, colocando a bola direitinha nos pés de Ricardo Horta. Não reconhece este jogador do Benfica, pois não? Pois, este é o irmão de André Horta, já é internacional A por Portugal e joga no Braga. Neste lance, intercetou o passe transviado e serviu Hassan – o avançado egípcio, ainda pouco desperto nesta fase inicial da partida, atirou ao lado.

Mas calma, Júlio César, que a tua hora já chega. E chegou logo no minuto seguinte: mais uma vez Hassan no filme, desta feita a servir Pedro Santos. O melhor jogador do Braga nesta temporada encostou para o golo, mas na baliza estava um internacional brasileiro. Isso não quer dizer nada? Neste caso, até quis. Hoje não, Pedro.

Selos e ofertas avulsas Velocidade máxima, descanso mínimo, Guedes em alta rotação. Depois de duas tentativas e uma oferta para Salvio, que deixou as mãos de Marafona a arder, o menino foi mesmo decisivo: numa arrancada pelo lado esquerdo, cruza atrasado para Mitroglou. Queriam um matador? Ele aqui está. De primeira, sem pedir licença a ninguém: toma lá, Marafona!

Mas há Braga: houve sempre Braga. Trinta e sete minutos, Pedro Santos a subir pela zona central do meio-campo do Benfica e a servir Ricardo Horta. Do lado esquerdo do seu ataque, o irmão de André disparou, mas Júlio César usou a perna esquerda – está lá para alguma coisa. Isto foi aos 37: aos 45, porém, foi com as mãos que o guardião canarinho deteve o cabeceamento de Rosic. Levava o selo do golo…

E por falar em selos: que pontapé de Guedes aos 50, e que defesa monumental de Marafona! De livre direto, o miúdo merecia o golo, mas o guarda-redes do Braga merece os aplausos de todo um estádio depois de uma das defesas do campeonato.

Faltava o golpe de teatro. Do nada, um ressalto transforma-se numa assistência de um jogador do Braga para Pizzi, que estava sozinho à frente de Marafona. Golo, pois claro. E acha que já chega de Pizzi? Não, não: é que o fiel escudeiro de Rui Vitória ainda fez mais uma assistência, quatro minutos depois, para Mitroglou – ainda bem que apareceu, senhor Kostas. Olha, aí vem o Zé Gomes. Ui, quase marca! Marafona não quis. Mas Rosic sim: de cabeça, sempre conseguiu bater Júlio César. Um guerreiro nunca desiste.