Multimilionários lideram projeto de “capital paciente”

Riqueza combinada dos empresários participantes no BEV ultrapassa os 170 mil milhões de dólares

Além de Bill Gates, entre os investidores do BEV destacam-se Jeff Bezos, fundador da Amazon, Richard Branson, fundador da Virgin, Jack Ma, presidente da Alibaba, ou John Arnold, um multimilionário que fez fortuna na área do gás natural e que tem investido em energias limpas e renováveis.

O fundo conta ainda com o dono da cadeia de hotéis Kingdom, Alwaleed Bin Talal, o presidente da Reliance Industries, Mukesh Ambani, ou o cofundador da SAP, Hasso Plattner.

Com base em estimativas da agência Bloomberg e da revista “Forbes” sobre a fortuna de cada um deles, a riqueza combinada de 20 dos membros fundadores do BEV chega a quase 170 mil milhões de dólares (160 mil milhões de euros). Por comparação e a título de exemplo, o número é pouco inferior ao produto interno bruto anual de Portugal , que está perto dos 179 mil milhões de euros.

A iniciativa Breakthrough Energy foi apresentada no inverno de 2015, na Conferência do Clima em Paris, na qual mais de 170 países assinaram um compromisso para limitar o aquecimento da Terra a 1,5 graus centígrados e atingir um balanço neutro de emissões de gases com efeito de estufa na segunda metade deste século.

As medidas a aplicar para alcançar estas metas variam de país para país. Em Portugal será preciso aumentar a utilização de energias renováveis, em especial a energia solar, e apostar nos veículos elétricos e nos transportes públicos, quer de passageiros quer de mercadorias.

Abordagem Bill Gates e os restantes investidores do BEV reuniram-se pela primeira vez em Seattle, EUA, em agosto, durante dois dias, para discutir as diferentes abordagens possíveis para a utilização do fundo.

Entre os tópicos em discussão no grupo estava a existência, ou não, de um bom conjunto de empresas com capacidade e disposição para participar no BEV e quando estariam disponíveis para investir.

“Sendo um fundo a 20 anos com ‘capital paciente’, ou seja, não precisa de ganhos a curto prazo, isso permite-nos ter uma perspetiva de longo prazo, bem como a possibilidade de financiar tecnologias que não encaixam no modelo de capital de risco tal como o conhecemos hoje”, revelou ao “Quartz” John Arnold.

Os investidores estão neste momento a recrutar uma equipa de gestão que deverá estar a trabalhar dentro de três meses.

A expetativa é que o tamanho inicial do fundo aumente, com mais investidores a participarem, e que o BEV lance fundos adicionais.

Bill Gates diz que um futuro de energia limpa, acessível e fiável depende de muito mais do que o investimento de mil milhões de dólares do fundo. O milionário quer trabalhar com parceiros estratégicos, envolvendo as empresas energéticas e apoiando as inovações tecnológicas mais prometedoras.