Pedro Dias. O homem que deu a volta à polícia e à cabeça dos portugueses

Baleou cinco pessoas, matou duas à queima-roupa e andou 28 dias a fugir à polícia. Quem o conhece continua a descrevê-lo como alegre e comunicativo e muitos continuam a acreditar na sua inocência

“Era um sedutor”, descreve um amigo. “É frio e calculista”, considera a polícia. “Um bom rapaz”, resume o presidente da Câmara de Arouca. Já o militar ferido recorda a sua “calma e frieza”.

Foi esta dicotomia entre quem conhecia Pedro Dias como apenas um homem de 44 anos, divorciado e com uma filha, e os que só conhecem o Pedro Dias acusado de dois homicídios qualificados, três tentativas de homicídio, três sequestros e um roubo que ajudou a apimentar uma história que só por si já não precisava de acrescentos.

Como se de uma tabela cronológica se tratasse, recordemos os passos do ‘serial killer’ que pôs Portugal agarrado ao ecrã. Dia 11 de outubro, a GNR faz uma operação e encontra um carro com uma pessoa num local ermo. É Pedro Dias, que os ‘espera’, acabando por matar um militar e obrigar outro a guiar um carro-patrulha com o corpo do colega no porta-bagagens. Mais tarde, na mesma estrada por onde seguiu com os militares, mas em sentido contrário, ataca o casal Luís e Liliane Pinto. Com o intuito de roubar o carro, o homicida dispara contra o casal.

O homem teve morte imediata e Liliane continua hospitalizada em estado crítico. Ainda durante a fuga, terá disparado contra um outro militar que o mandou parar em Candal, São Pedro do Sul.

As buscas começam, assim como os vários relatos de quem garantia ter visto o fugitivo. A PJ faz buscas em casa dos pais e dos amigos de Pedro Dias para tentar perceber se estaria a ser ajudado. Entretanto, percebe-se que o suspeito deixara de usar cartões multibanco e telemóvel, dificultando a sua localização.

No dia 16 esconde-se numa casa na freguesia de Moldes, Arouca, e é surpreendido pela filha da proprietária, que acaba por ser espancada. Os gritos chamam a atenção de um homem que passava, também ele espancado e sequestrado por Pedro Dias. Com o alerta dado, são várias as estradas cortadas e os policias prontos para entrar em ação. Mesmo assim, O fugitivo escapa às barreiras policiais ao volante de uma carrinha roubada. No dia seguinte, a polícia encontra o veículo mas não o homem, que conseguiu escapar mais uma vez.

É já depois de mais de três semanas de fuga, a 8 de Novembro, que Pedro Dias decide entregar-se à polícia. A detenção foi acompanhada em direto pela RTP, depois de o alegado homicida ter feito chegar um bilhete a um familiar em que afirmava que se queria entregar. Os advogados combinaram a entrega com o diretor nacional da PJ, na condição de ser filmada por aquela estação televisiva, alegadamente por existir receio do confronto com as autoridades.

Da prisão da Guarda, passou para a alta segurança de Monsanto, em Lisboa, onde está isolado numa cela e é revistado cada vez que sai e entra para o recreio – acesso esse que também está condicionado a poucas horas por dia.