Aeroporto no Montijo. Relatório sobre migração de aves atrasa decisão

António Costa fez saber esta quarta-feira que a opção Montijo, quando o assunto é o novo aeroporto, ainda não está fechada. 

Em causa está o facto de ser necessário saber o que diz o relatório sobre a migração de aves naquela zona.

"Temos acordado com a ANA [Aeroportos de Portugal] que é necessário aprofundar o estudo relativamente à solução que aparenta viabilidade, que é a do Montijo, mas é uma viabilidade que está condicionada ainda a dados que só poderemos ter no final do ano, designadamente sobre o impacto de ser uma zona de migração de pássaros", explicou o primeiro-ministro.

Ambientalistas questionam decisão do Montijo

Depois de passados vários anos e gastos muitos milhões de euros em estudos técnicos, a questão do novo aeroporto parece perto de ser resolvida. O governo considera que a melhor solução para alargar o aeroporto de Lisboa é o Montijo e a ideia é que a situação esteja resolvida o mais depressa possível.

Mas nem todos parecem ter ficado tranquilos com o que tem sido colocado em cima da mesa. O início desta semana ficou, aliás, marcado por questões colocadas por ambientalistas que consideram ser necessário esclarecer alguns pontos críticos da solução encontrada. O pedido de respostas chegou inicialmente da parte da Zero, associação ambientalista, que questiona sobretudo o que é que está previsto em termos de acessibilidades, poluição do ar, ruído ou até mesmo conservação da natureza.

Ainda que seja reconhecido o facto de se tratar uma opção financeiramente mais atrativa, os ambientalistas destacam que há várias coisas a ter em conta: O facto de a conservação da natureza poder vir a ser um dos maiores problemas é uma delas. Acima de tudo, Francisco Ferreira explica que ao falarmos do estuário do Tejo, falamos de uma zona que carece de uma atenção e proteção especial. Nem que seja porque se trata de uma área que é atravessada por várias rotas migratórias de pássaros. Uma questão que levanta ainda uma outra: as aves são “um problema para as aeronaves”.

Também a questão do ruído e da poluição requerem, no entender dos ambientalistas, especial atenção. Assim como a questão das acessibilidades. Como é que será feito o acesso ao aeroporto do Montijo? Esta é uma das questões que tem estado na lista de preocupações. De acordo com Francisco Ferreira, uma das opções que deve ser tida em conta é a possibilidade de ser feita de barco, mas tudo está ainda em aberto. E é exatamente por estar em aberto que já há quem coloque a hipótese de se falar de uma terceira travessia do Tejo. Um dos maiores críticos desta ideia é Nunes da Silva, professor de Urbanismo e Transportes, que defende que seria “um disparate”.

Urgência da solução

O ano passado ficou marcado pelo crescimento de tráfego nos aeroportos portugueses. De janeiro a novembro, tanto Lisboa como Porto e Faro viram o número de passageiros aumentar de tal forma que se tornaram os que mais cresceram em toda a Europa.

De acordo com os dados da Airports Council International (ACI), o aeroporto da capital registou um aumento na ordem dos 21,1% em comparação com o mesmo período de 2015. Este aumento faz com que o aeroporto de Lisboa seja o segundo que mais cresceu em todo o Velho Continente, dentro do grupo 2, que integra todos os aeroportos da Europa com tráfego anual de passageiros entre 10 e 25 milhões.

Estes números históricos e a perspetiva de que a trajetória ascendente veio para ficar fazem com que seja cada vez mais imperativo aumentar a capacidade da Portela. A situação piora porque, até haver uma solução, o número de passageiros na Portela deverá continuar a aumentar, assim como o número de companhias aéreas a pedirem para entrar no país.