EUA. 120 generais rebelam-se contra Donald Trump

Os generais e almirantes que estão fora do ativo contestam a proposta do presidente de cortar drasticamente nas verbas para a diplomacia

Entre os 120 militares de alta patente, que contestam que o aumento de 10% do orçamento da defesa se faça à conta do corte das verbas para a diplomacia e a ajuda externa, estão os general David Petraeus, ex-diretor da CIA, e o almirante James Stavridis, ex-comandante supremo da NATO. Na carta, que dirigem ao congresso dos EUA, aos líderes dos democratas e republicanos nas duas câmaras e aos principais membros da administração Trump, pedem aos legisladores e governantes que não levem avante esta iniciativa do presidente porque consideram que ela porá em risco vidas de cidadãos americanos: “Fortalecer a diplomacia e o de-senvolvimento, juntamente com a defesa, é fundamental para manter os Estados Unidos da América seguros.”

A carta contesta a intenção expressa por Donald Trump de ir buscar 54 mil milhões de dólares, um aumento de 9,3% nas verbas militares, para reforçar os planos e orçamentos para a defesa à custa de cortes com valor semelhante nos orçamentos de defesa do meio ambiente, diplomacia e verbas para a cooperação internacional. 

“Sabemos pelos nossos militares que muitas das crises que a nossa nação enfrenta não têm só uma solução militar. E isto inclui desde fazer frente à violência extremista de grupos como o Estado Islâmico no norte de África ou no Médio Oriente até prevenir pandemias como a do ébola ou estabilizar Estados débeis e frágeis que podem detonar a instabilidade [no mundo]”, defendem os 120 firmantes. E argumentam: “O Departamento de Estado, a USAID [agência dos Estados Unidos para o de-senvolvimento internacional, organismo encarregue de distribuir a ajuda externa], a Corporação do Desafio do Milénio, o Corpo de Paz e as agências são fundamentais para prevenir os conflitos e reduzir a necessidade de colocar os nossos homens e mulheres em perigo.” 

A carta aos congressistas conclui dizendo que “os militares podem dirigir a luta contra o terrorismo no campo de batalha; mas necessitam de colaboradores civis fortes no combate contra as condições que provocam o extremismo”. As altas patentes militares na reserva afirmam que o mundo não vive uma situação que permita estes cortes na ação dos EUA: “Não é tempo de retirada.”

Trump acusa Obama

Por sua vez, o presidente Donald Trump acusou o ex-presidente Barack Obama de estar por detrás das revelações para a imprensa de dados dos serviços secretos e do FBI que ligam colaboradores de Trump a contactos russos, e de protestos, como o dos militares, feitos contra a política da sua administração.

“Acredito que ele [Obama] está por detrás de tudo isso. Acredito que é como funciona a política. Acredito que é Obama está por detrás destas ações, porque é visível que é a sua gente que as promove”, garantiu. 

Para Donald Trump, esta suposta ação política do antigo presidente contra ele é muito perigosa para os EUA. “São factos muito graves porque prejudicam muito a segurança nacional”, alertou.

Os apoiantes do presidente dos EUA acusam Obama de estar a dirigir os protestos contra a Casa Branca através de um grupo chamado Organização pela Ação, que surgiu durante a campanha presidencial de Obama. Este movimento é presidido por Jim Messina, que foi chefe-adjunto do pessoal de Obama durante o seu primeiro mandato e seu diretor de campanha nas eleições de 2012. 

Apesar disso, Trump reconheceu que não há provas do envolvimento do ex-presidente nas ações de contestação contra as políticas por si defendidas.