A mais longa das tardes para o mais curto dos jogos

Para muitos benfiquistas esta era, como diria Ary dos Santos, a tarde mais longa de todas as tardes. 

Começou bem cedo com a romaria à Luz, uma tarde de manhã , prolongou se pela madrugada, até ao dia seguinte. E foi, ao mesmo tempo, o mais curto de todos os jogos. Forte, rápida , talentosa, a equipa encarnada reduziu a escombros o castelo de Guimarães que se esperava na Luz. Num instante, esse confronto difícil , complicado, ansioso, resolveu-se. Um Benfica que não se viu muitas vezes neste campeonato que venceu com todo o mérito a despeito da contrariedade de alguns que procuraram apequenar o líder desde a mais tenra hora. 

Não foram apenas os golos, nem sequer apenas a qualidade dos golos…

Foi a fibra. A crença . A vontade.

Ninguém tiraria aquele título ao estender da mão dos jogadores encarnados . Foram buscá-lo ao fundo das almas e da sua própria atitude. Eram eles e as suas circunstâncias . Ou melhor, eles e o seu destino.

Ontem escrevi que era a hora de Dona Águia fazer contas com a pensão da vida.

Estão feitas! O quarto título consecutivo é uma realidade. Inédita ! Agora, a pergunta tem cabimento – o que se segue? Até onde se prolonga a estrada da ambição?

É já a noite que prolonga a tarde de todas as tardes. Ouço pelas ruas, pelas praças , pelos becos e pelos bairros de Lisboa um som de alegria. Uma alegria vermelha em for. 

Ninguém diga que não se justifica. 

É mais valioso o mau perder que se alimenta em silêncio.