CAP contra eucalipto ser ‘persona non grata’

Uma das discussões que mais tem marcado a atualidade tem sido sobre a política de plantação de eucaliptos. 

Depois da troca de argumentos entre governo e indústria do papel, é a vez do presidente da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) sublinhar que “o eucalipto não faz mal nenhum estar implantado em Portugal da forma como está” e que “não se pode considerar o eucalipto ‘persona non grata’”.

As declarações de Eduardo Oliveira e Sousa voltam a chamar a atenção para uma questão que tem criado muitas divisões. Já, em março deste ano, um estudo do Fórum para a Competitividade defendia que Portugal devia ter mais eucaliptos. Na base dos argumentos usados estava a necessidade de haver “investimento na floresta, incluindo o eucalipto, de forma a reduzir as exportações”.

Já o Executivo de António Costa continua a defender que “travar a expansão da área florestal com eucaliptos é essencial para termos uma floresta mais ordenada, uma melhor prevenção contra os incêndios e uma gestão mais ordenada”.

Argumentos para todos os gostos, mas que vão dar a uma guerra que já é antiga e que levou as maiores empresas do país admitirem que podem vir a colocar um travão nos investimentos. Na raiz do problema está o facto de a indústria consumir, em Portugal, 8,5 milhões de metros cúbicos de madeira de eucalipto por ano, sendo necessário importar dois milhões devido à insuficiência da floresta nacional.

No entanto, o governo mostrou-se perentório quanto a esta matéria, com Capoulas Santos, ministro da Agricultura, a afirmar que “não vamos permitir que a área de eucalipto aumente. Mas há muito eucalipto onde não pode estar e há terrenos onde é possível produzir o dobro. O que queremos fazer é reorganizar tudo”.

Mas a medida não agradou à indústria que não baixa os braços e tem continuado a assumir o descontentamento pela política pensada para os eucaliptos.

Pedro Queiroz Pereira, presidente do conselho de administração da Navigator Company, explica mesmo que “perdem as empresas deste setor, que veem agravada a sua competitividade externa, e perde o país, sob a forma de escoamento de divisas e de destruição de postos de trabalho”.

Além disso, Queiroz Pereira não esconde que poderão estar em risco futuros investimentos, uma vez que, “se torna cada vez mais difícil a vida das empresas produtivas e mais arriscados os investimentos”.

Mas esta posição não é tomada apenas pela Navigator Company. Também a Altri depressa ameaçou travar os investimentos se Portugal demonizasse o eucalipto. Paulo Fernandes chegou mesmo a aproveitar a assinatura de contratos no valor de 125 milhões de euros na Celbi e Celtejo para avisar o Governo. “A simples proibição do plantio de determinada espécie de árvore, neste caso o eucalipto, preferindo que aí floresça mato, é a todos os títulos pouco recomendável”, atirou o empresário.