Grécia. Dívida baila entre a promessa de Macron e o “non” alemão

O perdão de dívida volta à mesa da zona euro, com promessas do novo presidente francês depois da aprovação de mais um plano de austeridade

Três resgates e muitos planos de austeridade depois, a Grécia pode ver finalmente a luz ao fundo do túnel em relação à tão desejada reestruturação da dívida que, no caso grego, significa não só juros mais baixos e maturidades mais elevadas como um corte no stock do que o país deve aos credores, a exemplo do que já aconteceu desde que o país pediu ajuda internacional pela primeira vez, em 2010. Ontem foi a vez de o presidente francês dar novas esperanças à Grécia numa conversa telefónica com Tsipras.

A história grega conheceu mais um episódio quando o seu parlamento aprovou, na quinta-feira passada, um pacote abrangente de medidas – mais um violento pacote de austeridade que levou o ministro das Finanças grego a acreditar que o Eurogrupo ia encontrar ontem uma solução “boa e definitiva” sobre a dívida helénica. Euclides Tsakalotos sublinhou que os credores “não têm pretextos para novas demoras” uma vez que a Grécia cumpriu com as suas obrigações, revelou em declarações à agência de notícias grega AMNA.

De acordo com o ministro grego, “o Eurogrupo tem a responsabilidade de apoiar o percurso da Grécia até a uma recuperação sustentável”, acrescentando ainda que o objetivo do país é entrar novamente no programa de compra de títulos soberanos do Banco Central Europeu (BCE).

O governo de Alexis Tsipras espera que o Eurogrupo e o Ecofin estabeleçam um roteiro claro sobre as medidas a serem tomadas para tornar a dívida sustentável após o fim do programa de assistência financeira, ou seja, agosto de 2018.

Tsakalotos lembrou que o objetivo do executivo é “deixar de estar debaixo da tutela dos credores, criar um estado de bem–estar forte e regressar ao crescimento económico”.

No entanto, este otimismo do ministro vai contra a visão do governo alemão que, em vésperas da reunião dos ministros das Finanças, voltou a salientar que não estão planeadas medidas de alívio da dívida.

Na reunião de hoje foram analisadas as medidas aprovadas pelo parlamento grego na semana passada e sobre o número de anos em que a Grécia deverá chegar a um superávite primário de 3,5% do produto interno bruto (PIB) depois de 2018.

O pacote abrangente de medidas aprovadas inclui os pré-requisitos necessários para fechar a segunda avaliação do terceiro resgate, mas também cortes nas pensões e aumentos de impostos a ser implementados em 2019 e 2020, após a conclusão do programa de assistência.

Recorde-se que a aprovação da legislação era um requisito fundamental para que o Eurogrupo pudesse dar luz verde ao desembolso da próxima tranche de empréstimo, de sete mil milhões de euros.

179% do PIB

O governo confia que os credores concederão ao país um alívio da dívida, que alcança 179% do PIB e que entidades como o Fundo Monetário Internacional consideram insustentável.

Na semana passada foi convocada uma greve geral no país. em mais um protesto contra as medidas de austeridade que continuam a ser aplicadas depois de Atenas e os credores terem alcançado um terceiro acordo de resgate no valor de 86 mil milhões de euros, em julho de 2015.

O presidente francês Macron reafirmou ontem ao primeiro- -ministro grego, Alexis Tsipras, que quer “encontrar um acordo em breve para aliviar ao longo do tempo o peso da dívida grega”, indicaram fontes próximas do chefe de Estado.