Relatório final da avaliação externa ao SNS chega em 2019

Ministro da Saúde fala de “exercício de política humilde”

O relatório final da avaliação externa ao sistema de saúde português pedido pela tutela e que envolve peritos nacionais e internacionais da Organização Mundial de Saúde (OMS) e do Observatório Europeu dos Sistemas e Políticas de Saúde só vai ser entregue em 2019, o último ano da legislatura. Após seis meses de trabalho, um encontro deixou nos últimos dias, ainda assim, as primeiras pistas. O facto de quatro em dez portugueses terem mais de duas doenças crónicas e a existência de desigualdades sociais foram alguns dos pontos destacados pelo ministério. “Além disso, a crise financeira que atingiu o país nos últimos anos teve impactos no sistema de saúde nacional, ao reduzir a disponibilidade de recursos públicos para a cobertura de serviços de saúde e para os necessários investimentos”, disse o ministério.

Hans Kluge, da OMS, defendeu que a “requalificação do sistema de saúde”. Direcionar serviços prestados em ambiente hospitalar para apoio domiciliário é um dos desafios. “Muitos doentes, nomeadamente crónicos, não precisam de ser curados, mas antes de terem qualidade de vida”. Numa altura em que o governo tenciona avançar com a descentralização de serviços públicos, Kluge defendeu, na área da Saúde, um maior envolvimento das autarquias. “A obesidade infantil, o álcool, a diabetes, o tabaco, são desafios que precisam de respostas e estas não estão apenas no Ministério da Saúde”, disse.

Se o relatório final chega no primeiro semestre de 2019, a tutela faz saber que, antes disso, o ministro deverá decidir sobre as recomendações. Para Adalberto Campos Fernandes, esta iniciativa é “exercício de política humilde”. A prioridade é demonstrar a eficiência nos setor, que falha em aspetos como “médias impróprias, consumo excessivo de antibióticos e elevada prevalência de infeções hospitalares”.