PSP denuncia que não há SIRESP em vários locais de Lisboa

Rede de emergência e segurança não funciona no MEO Arena e em todos os centros comerciais da capital

Um dia depois de a empresa responsável pela rede de comunicações de emergência e segurança, o SIRESP, negar falhas no sistema, vem a público uma chuva de denúncias das forças de segurança que revelam diversos locais onde o sistema não funciona.

É o caso dos centros comerciais Colombo, Amoreiras ou Vasco da Gama, e do MEO Arena, onde são realizados concertos e espetáculos todas as semanas. Todos estes locais são frequentados por largos milhares de pessoas e não têm SIRESP desde 2007, ano em que o sistema foi criado. “São locais sensíveis onde, quando são necessárias, as comunicações podem falhar. É evidente que vamos ter graves dificuldades”, denunciou o presidente da Associação Sindical dos Profissionais da Polícia (ASPP). Paulo Rodrigues fez saber ainda que “em muitos casos, os polícias têm de usar os telemóveis pessoais” para conseguirem comunicar entre si. “É esse o nosso recurso” no terreno, disse ao i o representante dos polícias.

O mesmo acontece em cidades próximas da capital. “Se formos a Cascais, Sintra, Torres Vedras ou mesmo Vila Franca de Xira, há zonas que não têm sinal. Portanto, mesmo que os polícias queiram comunicar, não conseguem”, acrescenta Paulo Rodrigues.

E esta falha, alerta ainda o polícia, “está identificada há anos pelos governos e poder político”. Perante a inação das autoridades para resolver estas falhas, o dirigente sindical conclui que “parece que estamos sempre à espera da catástrofe para depois lamentar”.

A denúncia da PSP é acompanhada pela GNR, que salienta a omissão do relatório do SIRESP sobre o incêndio de Pedrógão quanto ao número de chamadas realizadas que não tiveram sucesso. “Não vêm contabilizadas as chamadas que não foram conseguidas e que são certamente superiores àquelas que vêm registadas”, sublinha o presidente da Associação de Profissionais da GNR, César Nogueira.

SIRESP nunca funcionou na zona de Pedrógão

Além da PSP e da GNR, já as três principais corporações de bombeiros envolvidas no combate às chamas do incêndio mais mortal de Portugal – as de Figueiró dos Vinhos, Castanheira de Pera e Pedrógão Grande – tinham vindo a público afirmar que a rede SIRESP não tinha funcionado. Segundo o comandante dos Bombeiros de Figueiró dos Vinhos, Paulo Nogueira, naquela área há várias zonas de difícil acesso que “não estão cobertas pelo SIRESP”. Essas “zonas-sombra” foram identificadas “desde que o SIRESP foi criado”, mas a situação nunca foi “retificada”, apontou.

O mesmo dizem os bombeiros de Castanheira de Pera e de Pedrógão, que afirmam alto e a bom som que “houve falhas” na rede SIRESP.

O incêndio de Pedrógão Grande assolou o concelho entre as 14h43 de sábado, dia 17, e foi declarado extinto uma semana depois, no dia 24. Morreram 64 pessoas.