Operação Marquês. Sócrates nega posse de imóveis arrestados pelo MP

As declarações do ex-primeiro-ministro surgem depois de o Ministério Público ordenar o arresto de imóveis que acredita serem de José Sócrates.

Operação Marquês. Sócrates nega posse de imóveis arrestados pelo MP

A reação do antigo primeiro-ministro não tardou e chegou no mesmo dia em que o “Expresso” avançou a notícia que dava conta da decisão do Ministério Público (MP) arrestar vários imóveis alegadamente pertencentes a José Sócrates.

Numa conferência de imprensa às 14h30 de sábado, o ex-líder socialista defendeu-se, negando ser proprietário dos imóveis arrestados e dizendo que “não há nem houve nada de errado que envolva estas propriedades. O arresto de imóveis não tem nenhum fundamento, a não ser esconder o vazio deste processo”.

No seu estilo contundente, Sócrates voltou a criticar o Ministério Público, afirmando nunca ter visto, “em nenhum lugar do mundo, alguém ser notificado de que vão arrestar os seus bens pela comunicação social”. Acusou ainda o MP_de “exibir despudoradamente o poder” e de “usar métodos indecentes” que “põem em causa a respeitabilidade e o prestígio da própria instituição”, falando mesmo de “métodos criminosos”, uma vez que deu “a um jornalista informação que não pode dar”.

O ex-primeiro-ministro aproveitou para reiterar que nunca teve contas na Suíça.

Recorde-se que, este sábado, no âmbito da “Operação Marquês”, o Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) ordenou o arresto de várias propriedades que acredita pertencerem a Sócrates, embora formalmente pertençam a pessoas da sua esfera próxima.

Segundo o “Expresso”, em causa estão três apartamentos e uma herdade, vendidos pela mãe de José Sócrates ao empresário Carlos Santos Silva – amigo do ex-primeiro-ministro, indiciado no processo por corrupção e branqueamento de capitais. Para o Ministério Público, a venda dos imóveis terá sido uma forma de branquear capitais obtidos de forma ilegítima.

Além do apartamento onde morava a mãe de Sócrates, na Rua Braamcamp, em Lisboa – e que Carlos Santos Silva comprou por 600 mil euros, tendo 500 mil sido transferidos para uma conta do ex-primeiro-ministro para, segundo o Ministério Público, esconder o pagamento ao seu verdadeiro proprietário –, em causa estão outros dois, no Cacém.

Quanto à herdade, localizada em Montemor-o-Novo, é Sofia Fava, ex-mulher do antigo primeiro-ministro, a proprietária – contudo, como escreve o “Expresso”, o nome de José Sócrates aparece como sujeito passivo no registo predial.

A decisão pretende garantir que, na eventualidade de José Sócrates vir a ser condenado e os imóveis vendidos, o Estado recebe a indemnização devida. O MP acredita que Sócrates recebeu mais de 32 milhões de euros em subornos.

Note-se que esta medida surge quando se aproxima o prazo final – 20 de novembro – para a publicação do despacho que ditará a acusação ou o arquivamento do processo conhecido como “Operação Marquês”, em que Sócrates é indiciado por corrupção, fraude fiscal qualificada e branqueamento de capitais.

A “Operação Marquês” tem 25 arguidos – seis empresas e 19 pessoas, entre as quais se encontram figuras como Armando Vara, Ricardo Salgado e Zeinal Bava.

 

*Editado por José Cabrita Saraiva