Antártida. Morte em massa de pinguins gera preocupação

Sobrevivência de apenas duas crias, numa colónia de 36 mil pinguins-de-adélia, leva Fundo Mundial para a Natureza a insistir na criação de uma área protegida

A mais recente época de reprodução de pinguins-de-adélia no leste da Antártida foi catastrófica para a espécie. De uma colónia composta por cerca de 36 mil destes pinguins – 18 mil pares de parceiros de acasalamento – sobreviveram apenas duas crias. Milhares de pinguins recém-nascidos morreram à fome e números semelhantes ficaram por sair dos ovos.

Na origem da morte em massa de crias na chamada Terra Adélia, terão estado as enormes camadas de gelo verificadas no final do verão, pouco comuns para a época, que obrigaram os pinguins adultos a percorrer grandes distâncias à procura de alimento para as crias. O maior tempo de espera resultou na morte de praticamente toda a nova geração de pinguins-de-adélia da colónia.

A tragédia – a segunda desta natureza no espaço de dois anos – levou o Fundo Mundial para a Natureza (WWF, na sigla em inglês) a reivindicar junto da Comissão para a Conservação dos Recursos Marinhos Vivos da Antártida (CCAMLR), a criação de uma área marinha protegida na Antártida Oriental.

A proposta da WWF inclui um pedido de proibição definitiva da pesca de krill – pequenos crustáceos que servem de alimento aos pinguins daquela região. “Abrir esta área à exploração piscatória de krill traria competição para os pinguins-de-adélia, numa altura em que tentam recuperar de dois falhanços reprodutivos catastróficos. Seria impensável”, afirma Rob Downie, chefe dos programas polares da WWF, citado pela BBC. “A CCAMLR tem de atuar rapidamente e adotar uma nova área marinha protegida nas águas em frente à Antártida Oriental, para proteger o lar dos pinguins”, acrescentou.