Aviação. Ryanair passa ao ataque e desmente trabalhadores

Colaboradores falam de falta de condições laborais, mas companhia garante que chega a ter uma lista de espera de mais de 2500 pilotos e 3 mil tripulantes.

A Ryanair passou ao ataque e decidiu tomar uma posição em relação ao que tem vindo a ser dito por vários trabalhadores da companhia aérea. Depois de muitos garantirem que os baixos preços escondem más condições de trabalho, a transportadora esclarece que “não existem más condições de trabalho na Ryanair”.

Ao i, fonte oficial explica que “os pilotos podem auferir até 80 mil euros por ano por voar, em média, 18 horas por semana, operando um horário de cinco dias a trabalhar/quatro dias de descanso, gozando de segurança de trabalho ímpar”, enquanto, de acordo com a empresa, os tripulantes “podem ganhar até 40 mil euros por ano e gozar de ótimas condições de trabalho. É por este motivo que temos uma lista de espera de mais de 2500 pilotos e 3 mil tripulantes de cabina qualificados com vontade de se juntarem à Ryanair, num momento em que outras companhias aéreas (como é o caso da Monarch, Air Berlin, Alitalia) estão a negociar rescisões de contratos e cortes salariais e nas pensões”.

No entanto, esta não é a versão de alguns trabalhadores que denunciam a pressão para que sejam feitas vendas a bordo e as penalizações para quem não cumprir os objetivos. Falamos de consequências pesadas em termos financeiros, mas não só.

No entanto, a companhia defende que o cenário apresentado pelos trabalhadores não é o mais próximo da verdade. Até porque, sublinha, todas as ajudas de custo são dadas aos colaboradores. “O staff da Ryanair não paga pelo seu uniforme. Todos os pilotos da Ryanair recebem um valor de ajudas de custo de seis mil euros por ano (cinco mil e quinhentos no caso do primeiro oficial) para cobrir gastos de cartões de identificação, uniformes, revisões médicas e snacks. Este valor perfaz uma média de 120 euros por semana, o que excede os gastos de uniforme e outras despesas diárias. Os tripulantes de cabina recebem um valor anual para uniforme de até 450 euros, que uma vez mais excede os custos que têm nesta área.”

 

Casos em tribunal

Recorde-se que a Ryanair perdeu, em setembro, no Tribunal de Justiça da União Europeia depois de ter tentado forçar os colaboradores que trabalham em bases fora da Irlanda a verem as disputas serem tratadas em tribunais irlandeses. A ideia da tripulação de cabina era que o caso fosse julgado num tribunal belga, por achar que a lei seria mais favorável, mas a companhia entendeu que o melhor seria que o caso fosse julgado na Irlanda. Muitos consideraram tratar-se de uma vitória para os trabalhadores. No entanto, em resposta a este caso, a Ryanair defende que “a decisão do Tribunal de Justiça Europeu apenas atualiza os critérios para determinar a jurisdição dos tribunais nacionais para julgar os casos legais localmente, não alterando a lei aplicável ao contrato, que é determinada pela regulação Rome i”.

Já em relação à fuga de profissionais, denunciada pela associação de pilotos irlandesa, a companhia disse ao i que “até à data, no presente ano, menos de 300 dos nossos mais de 4200 pilotos saíram da empresa”.