Catalunha. Afinal, o que é que sairá destas eleições?

Seis cenários possíveis para as eleições desta quinta-feira. As sondagens estão apertadas, a afluência pode decidir muito e não há certezas sobre nada. 

As sondagens à entrada das eleições especiais e regionais catalãs desta quinta-feira são mais que apertadas e por isso não há escassez de cenários possíveis. A começar pelo partido mais votado, que ninguém sabe ao certo se vão ser os independentistas da Esquerda Republicana (ERC), ou o jovem partido de centro-direita Ciudadanos (Cs).

Abaixo está a mais recente média de sondagens, agregada pelo “El País”, seguida de algumas chaves de leitura e cenários possíveis.

Bloco independentista vence com maioria

Este cenário representa a continuação do processo independentista, ainda que pelas suas imprevisíveis vias. Será uma derrota para o governo espanhol, a sua resposta ao referendo de outubro e a aplicação do artigo 155 que levou a estas eleições.

Uma nova maioria não garante, porém, o triunfo do processo de separação, mas dá fôlego a uma aliança que vem mostrando algumas fragilidades e seria um indício de que, afinal, o ânimo independentista não se vem esvaziando nos últimos meses.  

O bloco compõe-se pela ERC, o JxCat – este último é o partido de Carles Puigdemont e, nas últimas eleições, candidatou-se com a ERC sob o nome Juts pel Sí – e a esquerda radical CUP. A média de sondagens do “El País” dá-lhes precisamente os 68 assentos da maioria.

Mas não há margem para erro.

 

ERC e bloco independentista vencem, mas sem maioria

Para muitos, o cenário mais provável – há, afinal de contas, uma grande margem de flutuação nas sondagens e uma enorme porção de indecisos, que rondam os 25%. O processo independentista é obrigado a um passo atrás, ou a uma nova estratégia.

Neste cenário, o Catalunya en Comú, o partido formado com o braço regional do Podemos e a formação da alcaide de Barcelona, Ada Colau, torna-se um poderoso decisor: qualquer governo tem de passar por si.

Ao contrário dos partidos unionistas – também chamados espanholistas e constitucionalistas: ou seja, contra a independência – o CeC não fecha a porta a um governo independentista. A sua posição é também a que historicamente é a mais popular na Catalunha: defender um referendo vinculativo e legal sem apoiar a independência.

 

Ciudadanos vence com maioria independentista

Uma vitória do partido de centro-direita Ciudadanos seria um importante rombo simbólico contra a aliança e missão independentista com possíveis repercussões nacionais. Neste cenário, a sua vitória seria apenas estatística ou em assentos, e os independentistas estão em condições de formar uma maioria absoluta a sós ou com o apoio do CeC.

Mesmo que os independentistas consigam formar governo neste cenário, com ou sem o apoio do CeC, a líder do Ciudadanos catalão, Inês Arrimadas, tornar-se-á a líder daquela que se vem apresentado como a maioria silenciosa anti-independentista e uma grande dor de cabeça para o processo.

A sua eventual vitória pode ter outras consequências, estas a nível nacional. Inês Arrimadas estará a levar a melhor sobre Mariano Rajoy e possivelmente fazer tremer o governo central e o líder nacional do partido, Albert Rivera. Arrimadas, quase em todos os cenários, colhe os frutos.  

 

Ciudadanos vence e forma governo minoritário com unionistas

Cenário menos provável do que o anterior, mas não impensável. Os unionistas teriam mais votos e mais assentos que a aliança de independentistas e, se é verdade que formar um governo minoritário é difícil, tendo que passar, pelo menos, pela abstenção de alguns deputados do CeC, o simples equilíbrio de poderes seria um forte indício de que o apoio da população ao independentismo está moribundo.

O governo minoritário não será apenas difícil de formar: é também difícil de gerir, uma vez que implicaria a união de PSC e PP, o que pode revelar-se desastroso para o PSOE a nível nacional. O “Procés”, em todo o caso, sofreria um rombo danoso.

 

Unionistas conquistam a maioria absoluta

É um cenário muito, muito díficl, quase impossível – embora a afluência às urnas possa ser grande e contrariar todas as sondagens. As consultas, em todo o caso, sugerem que Ciudadanos, PSC e PP dificilmente alcançarão os 68 assentos, mas, a acontecer, será uma estocada quase mortal sobre os movimentos independentistas e o “Procés”. Talvez mesmo fatal. Até o cenário de um referendo negociado fica gravamente ferido.

 

Novas eleições

Se não houver maiorias de lado a lado, o CeC não chegar a acordo com os independentistas e os unionistas não se entenderem, avizinhar-se-ão novas eleições na Catalunha.