Irving em confissão: “Não me queriam em Cleveland”

Seis meses depois de alegadamente ter pedido para sair dos Cavaliers e da sombra de LeBron James, o base dos Celtics dá a sua versão da história

Poucos amantes da NBA esqueceram aquele mítico triplo a 19 de junho de 2016, na Oracle Arena, que haveria de se revelar decisivo para a vitória dos Cleveland Cavaliers no jogo 7 das finais e, por consequência, para o título – o segundo de três consecutivos. O seu autor? Um base, então com 24 anos, chamado Kyrie Irving.

Um ano – e mais um título – depois, Irving deixou os Cleveland, juntando-se aos Boston Celtics. A história propagada pelos adeptos da modalidade, bem como pelos média, dava conta de um pedido expresso do atleta para sair, motivado também pela enorme sombra de LeBron James. Em entrevista à “ESPN”, porém, Irving revelou agora que foi o clube a incluí-lo em negociações em primeira instância. “Sair dos Cleveland era inevitável. Eu conseguia sentir que não me queriam ali”, referiu o base, quatro vezes nomeado para os All-Star da prova e eleito Rookie do ano em 21. Depressa os colegas e dirigentes perceberam que tinha chegado a hora para uma mudança – embora o técnico Tyronn Lue tenha feito de tudo para manter Irving na equipa

A relação com LeBron dentro do campo era quase perfeita. A química entre ambos, visível a léguas. Mas nem tudo eram rosas. “Jogar com o LeBron tem os seus pontos positivos, mas também responsabilidades. Eu sabia claramente que precisávamos um do outro”, assume Irving, cuja personalidade forte não lhe permitiu contentar-se com o papel de fiel escudeiro do King. LeBron, aliás, referia-se a Kyrie como “o miúdo” ou o seu “irmão mais novo”, o que era entendido pelo colega como uma falta de respeito pelas suas capacidades e pelo papel que detinha na equipa.

Após a saída de Irving, LeBron sempre rejeitou falar sobre o tema. Ao ouvir as últimas declarações do antigo colega, respondeu assim: “Não fazem qualquer sentido.”

Duelo de titãs Mike Krzyzewski, ex-selecionador dos Estados Unidos, traçou desta forma o perfil do antigo pupilo: “O Kyrie é um daqueles jogadores que, passado um par de anos, se aborrece. Precisa de estímulos, de aventuras, de desafios. Não é nada contra ninguém, é apenas um jovem de 25 anos a dizer: ‘Sei que posso fazer mais e não tenho medo de o demonstrar.’”

Hoje, Irving está feliz. Nos Boston, que lideram a Conferência Este com mais cinco vitórias que os Cleveland Cavaliers, o base é a estrela maior. Na madrugada de hoje, enfrenta um daqueles desafios de que tanto gosta: defronta os Cleveland… e LeBron. “Já joguei três anos contra o LeBron. Agora sinto que tenho de demonstrar, não só a ele como a toda a gente, que sou capaz de jogar ao mais alto nível”, disparou. De falta de ambição ninguém o pode acusar.