Genialidade de Federer esconde força dos jovens

As exibições deslumbrantes do campeoníssimo de 19 Majors levaram a maioria dos analistas a apontá-lo como alguém que será muito difícil de derrotar em Melbourne

A vitória da Suíça na Taça Hopman, na qual Roger Federer se destacou por ter ganho todos os seus encontros de singulares; e os títulos conquistados pelos franceses Gilles Simon em Pune e Gael Monfils em Doha, na primeira semana da nova temporada, escondeu uma tendência que tem vindo a cimentar-se nos últimos tempos e da qual falei na semana passada.
Refiro-me, uma vez mais, à nova geração de jogadores que está a surgir em força no ténis masculino.
Enquanto Andy Murray, Key Nishikori, Rafael Nadal, Novak Djokovic e Stan Wawrinka continuam a lidar (pior ou melhor) com lesões complicadas, Roger Federer apresenta-se, aos 36 anos, fresco que nem uma alface e nem as elevadas temperaturas do verão australiano parecem incomodá-lo.

Terá necessariamente de ser considerado o grande favorito à revalidação do seu título do Open da Austrália, o primeiro torneio do Grand Slam de 2018, que começa já na próxima segunda-feira.

Em Perth, na Taça Hopman, Federer voltou a provocar recordes históricos de afluência, justificando plenamente o investimento que o Estado da Austrália Ocidental fez no pagamento de um chorudo prémio de presença.

As exibições deslumbrantes do campeoníssimo de 19 Majors levaram a maioria dos analistas a apontá-lo como alguém que será muito difícil de derrotar na próxima quinzena em Melbourne.

No entanto, confesso que, ao mesmo tempo que me maravilhei com o seu virtuosismo, preocupou-me o tom demasiado informal com que ele encarou os encontros.

Jogou-os como se estivesse numa exibição, tentando, por exemplo, dar espetáculo e fazer pancadas arriscadíssimas em pontos importantes, preocupando-se pouco com rotinas de competição a sério.

Ora no ano passado não foi assim. Em 2017 Federer divertiu-se em Perth fora do campo mas esteve muito sério em competição e foi fortíssimo para o Open da Austrália. Desta feita, chegará ao primeiro Major do ano sem ter sentido pressão a sério e defender um título nunca é fácil. Veremos…

Mas voltemos ao tema que me traz esta semana, a nova geração masculina, os membros do Next Gen do ATP World Tour, que também fizeram falar de si na primeira semana do ano.

Andrey Rublev foi finalista em Doha, Alexander Zverev finalista da Taça Hopman e Alex De Minaur semifinalista em Brisbane. E se nos recordarmos que Nick Kyrgios integrou em 2016 a primeira leva de Next Gen, poderemos acrescentar o nome do australiano de 22 anos que se sagrou campeão em Brisbane.

Os ‘miúdos’ estão aí a morder os calcanhares aos craques e mais tarde ou mais cedo iremos ver um deles ganhar um Major, talvez já este ano.