Liga das Nações. Itália e Polónia serão os rivais na competição tapa-buracos

A Seleção nacional ficou ontem a conhecer os adversários para a prova que se joga de setembro a dezembro e que vem substituir os tradicionais jogos particulares

Começou ontem a contagem decrescente para a primeira edição da Liga das Nações, a competição de seleções criada pela UEFA para otimizar o que considerava ser um vazio nas datas para jogos particulares. “Há equipas que todos veem jogar e outras que não conseguem sequer encontrar adversários”, explicou Gianni Infantino em 2014, quando ainda era “apenas” o secretário-geral do organismo. O torneio, que englobará as 55 seleções europeias, terá o formato de campeonato com fase de grupos e subidas e descidas de divisão e vai disputar-se de setembro a dezembro deste ano. A final-four, que irá apurar o vencedor, está marcada para junho de 2019. A prova permite a obtenção de recompensas financeiras e até um wild-card para o Europeu de 2020.

À primeira vista, parece confuso. E provavelmente é. Vamos tentar desconstruir esta nova prova ponto por ponto. Primeiro, dizer que Portugal ficou no grupo 3 da Liga A e terá como adversários a Itália e a Polónia, segundo ditou o sorteio realizado ontem em Lausanne. A Liga A é composta pelos 12 países melhor classificados no ranking mundial, que foram divididos em quatro grupos de três equipas. O primeiro de cada grupo avançará para a final-four, que será disputada em princípio entre 5 e 9 de junho de 2019, em local a designar entre um dos quatro países apurados.

Pelo contrário, os quatro últimos classificados de cada grupo descem à Liga B, cujos 12 integrantes só podem aspirar a subir de divisão ou a fugir à descida à Liga C. O mesmo se aplica a esta, composta por 15 países, e também à Liga D, que terá 16 seleções. Só as equipas da Liga A, onde Portugal se insere, podem aspirar a vencer esta primeira edição da Liga das Nações.

Grandes duelos em perspetiva

Portugal, que foi para o sorteio com o estatuto de cabeça-de-série, irá iniciar a participação na prova diante de Itália, a 10 de setembro. O jogo será realizado em solo nacional. Um mês depois, a 11 de outubro, viaja até à Polónia, deslocando-se a Itália a 17 de novembro. Três dias depois, recebe os polacos em Portugal.

O apuramento para a fase final do Europeu de 2020, refira-se, não depende diretamente das prestações das seleções nesta prova – a fase de qualificação convencional vai continuar a existir como até aqui. No entanto, haverá uma vaga no Europeu a ser atribuída em play-off, disputado pelas quatro melhores equipas desta prova que não tiverem conseguido apuramento na fase regular.

O emparelhamento dos outros grupos da Liga A reservou alguns espetáculos que se prevêem de grande qualidade. No grupo 1, estarão em confronto Alemanha (cabeça-de-série), França e Holanda; no grupo 2, Bélgica (cabeça-de-série), Islândia e Suíça; no grupo 4, Croácia, Espanha (cabeça-de-série) e Inglaterra.

Elogios de Fernando Santos

O histórico de Portugal com a Itália é muito desfavorável às cores nacionais: 18 derrotas e apenas cinco vitórias em 25 jogos – uma das quais em 2015, já com Fernando Santos ao leme (1-0, golo do imortal Eder), naquela que foi a primeira vitória de Portugal sobre os transalpinos em 39 anos. Contra os polacos, a Seleção nacional costuma ser mais feliz: quatro vitórias e três derrotas em 11 jogos.

Um dos empates, porém, dificilmente podia ter sido mais saboroso: aconteceu no Euro 2016 (1-1), com Portugal a sorrir no desempate por penáltis e a seguir para as meias-finais da competição, que acabaria por vencer. Esse embate, de resto, ainda está bem fresco na memória dos polacos, como o técnico Adam Nawalka fez questão de frisar. “Portugal está no patamar mais elevado, é campeão da Europa. Talvez venha a ser uma pequena vingança dos quartos de final em França?”, atirou, assumindo esperar ainda uma Itália ferida no seu orgulho, depois de ter falhado o apuramento para o Mundial que se realiza este verão na Rússia: “Vão encarar este torneio de forma muito agressiva. O não apuramento para o Mundial foi uma grande tragédia para o futebol italiano, mas penso que voltarão rapidamente ao topo.”

Os italianos, por seu turno, manifestaram-se aliviados por ter evitado Espanha e Alemanha. “Não nos podemos queixar do sorteio. Evitámos as equipas mais fortes e isso é importante. Podemos e vamos lutar pela vitória. Queremos regressar ao nível que a Itália está habituada a ter e queremos aprender com os erros para começar a construir algo muito importante”, afirmou Gabriele Oriali, o team-manager da seleção italiana, que continua sem selecionador desde que Gian Piero Ventura abandonou o cargo, em novembro de 2017.

Já Fernando Santos considerou o sorteio complicado para as cores nacionais, mas prometeu “vontade e determinação”. “É um sorteio com um grau de dificuldade elevado. Já conhecemos bem a Polónia, depois de os termos defrontado nos quartos-de-final do Campeonato da Europa. É uma equipa que tem jogadores de enorme qualidade e que tem vindo a subir muito. E a Itália é, talvez, o adversário que ninguém desejaria. Ficou fora do Mundial e obviamente vai pôr tudo o que tem nesta Liga das Nações e querer mostrar a potência do futebol italiano”, ressalvou o selecionador nacional, em declarações ao sítio oficial da FPF, elogiando a nova competição da UEFA: “Numa primeira análise, creio que esta prova tem coisas positivas. Uma delas é o facto de promover a competição em países que, teoricamente, nunca poderiam chegar a uma fase final de uma prova: neste momento todas essas equipas têm essa janela de oportunidade.É uma competição que vai eleger um campeão por grupo, terá subidas e descidas de divisão e isso contará muito para o ranking.”