Orlando Figueira ligou a Proença de Carvalho quando foi alvo de buscas em sua casa e no seu escritório, a 23 de Fevereiro de 2016.
Neste telefonema, que o SOL aqui reproduz, e que dura mais de quatro minutos, Daniel Proença de Carvalho admite que teve uma “intervenção mais recente” no processo e, por isso, não considera «conveniente» ser ele a garantir a assistência jurídica ao então procurador, adiantando igualmente que também considera que pode ser «mais útil» se não o for.
Na segunda-feira, a defesa de Orlando Figueira pediu que algumas escutas relativas a esse dia pudessem ser juntas aos autos do julgamento, no qual o antigo procurador é acusado de corrupção passiva. Em causa está o alegado suborno de 760 mil euros por Manuel Vicente, antigo vice-presidente de Angola, em troca do arquivamento de um inquérito em que era visado por suspeitas de lavagem de dinheiro. Hoje, o tribunal aprovou a junção da escuta aos autos.
Daniel Proença de Carvalho já revelou que irá pedir levantamento do sigilo profissional para testemunhar na Operação Fizz. “O conhecimento que eu tenha tido relativamente a este tema está sujeito a sigilo profissional e portanto eu tenho de ter a dispensa desse sigilo”, disse ao Expresso.
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Estas declarações contradizem as declarações anteriores do advogado, que até agora afirmava não ter estado envolvido na revogação do contrato de trabalho entre Orlando Figueira e a Primagest, empresa com sede em Angola e através da qual o procurador justificou o recebimento de 630 mil euros. Segundo o testemunho de Orlando Figueira, foi Proença de Carvalho que tratou da revogação deste contrato, em 2015.
Orlando Figueira continua a insistir que Manuel Vicente nada tem a ver com o dinheiro que recebeu e aponta o dedo a outra pessoa: Carlos Silva, vice-presidente do BCP em Portugal e principal acionista do Banco Privado Atlântico, que tem como correspondente em Portugal o Atlântico Europa, instituição através do qual foram pagos os subornos, afirma o MP.