É impossível não falar de novo em Roger Federer na semana em que regressou à liderança do ranking mundial, aos 36 anos. Afinal, tornou-se no mais velho n.º 1 de sempre, ao destronar os 33 anos de Andre Agassi.
O mesmo Agassi que ainda há pouco não tinha a certeza do suíço ser o melhor de sempre, mas que, ao saber que a sua marca iria ser superada, prestou-lhe homenagem no Twitter: «A colocar a barra sempre mais elevada».
De uma assentada, ‘King Roger’ passou a ser o jogador com maior hiato temporal entre a primeira e a última vez em que foi n.º 1 (14 anos – 2004-2018) e com maior intervalo entre duas chegadas ao n.º 1 (5 anos – 2012-2018).
As 303 semanas que leva como n.º 1 são também um recorde, tal como já detinha o máximo mundial de 237 semanas consecutivas no topo do ATP World Tour.
Ao vencer em Roterdão no Domingo, igualou o recorde de Arthur Ashe de vitórias no torneio holandês (três) e somou o seu 20.º título de ATP 500, outro máximo mundial.
Há ainda recordes para ele bater? Há, mas são escassos. A medalha olímpica de ouro em singulares parece uma miragem. Em Tóquio terá 39 anos. Se alguém pode fazê-lo é ele, mas duvido.
Os 109 títulos de Jimmy Connors não são impossíveis, dado que Federer leva 97 e no ano passado somou 7, mas quererá ele fazê-lo?
Aos 100 títulos já disse que seria «porreiro» chegar, mas aos 109? «Julgo que estou muito longe. Se fosse uma prioridade jogaria torneios de 250 e de 500 todas as semanas, mas não vou começar a fazer isso», replicou.
Poderemos acreditar na sua sinceridade? Afinal, há um ano, proclamava que o n.º 1 não era uma prioridade e que se motivava a ganhar torneios, sobretudo Majors (e já lá vão 20, outro recorde).
Mas o modo como se empenhou emocionalmente em Roterdão – torneio em que só participou para somar os pontos que lhe permitissem regressar ao n.º 1 – mostra que intimamente pensava de outra forma.
Mais plausível como recorde a alcançar são os 6 anos de Pete Sampras a terminar uma época no topo da tabela.
Federer partilha o segundo lugar com Connors com 5 anos. Poderá o suíço encerrar 2018 como n.º 1, aos 37 anos, e igualar Sampras? Julgo que sim.
Quererá ele fazê-lo? No seu íntimo acredito que sim, mas, uma vez mais, não irá alterar a sua programação a médio prazo para isso. O seu próximo grande objetivo, já o referiu várias vezes, é Wimbledon. A terra batida e Roland Garros continuam a ser uma incógnita.
Mas depois do US Open, em setembro, se vir que pode fechar o ano como n.º 1, então sim, acredito que reequacione o calendário e pense seriamente nesse raro recorde que ainda lhe falta.