Serena Williams acredita no estatuto de supermãe

‘Quero muito ganhar mais Grand Slams. Estou consciente dos recordes. Não é segredo que tenho como objetivo os 25’, Serena Williams.

Serena Williams não gostou seguramente de ter sido apresentada na gala do Tie-break Tens, na passada segunda-feira, em pleno Madison Square Garden de Nova Iorque, como «uma das melhores jogadoras de todos os tempos».

Uma das melhores? Na cabeça da norte-americana de 36 anos não há dúvidas: ela é a melhor de sempre.
Mas tal como na criação de Uderzo e Goscinny há uma irredutível aldeia gaulesa a impedir o império romano de conquistar toda a Gália, também os 24 títulos de singulares do Grand Slam de Margaret Court representam aquela pedra no sapato de Serena, aquilo que faz com que ainda nem todos a proclamem a GOAT.

Serena conquistou o seu 23º Major em janeiro de 2017 e não mais jogou desde então em provas oficiais, pois competiu nesse Open da Austrália grávida de Alexis Olympia, um feito notável e inédito mas quase equiparado, uma vez mais, pela persistente Court.

Fala-se pouco disso, mas a agora reverenda pentecostal Margaret Court disputou grávida o torneio de Wimbledon de 1971 e foi à final!

Serena Williams regressa à competição no torneio de Indian Wells, na Califórnia, que arrancou há três dias, e os seus objetivos são claros, como confessou há pouco tempo numa excelente entrevista à revista Vogue: «Quero muito ganhar mais Grand Slams. Estou consciente dos recordes. Não é segredo que tenho como objetivo os 25».

Não lhe chega igualar Court, é imperativo ultrapassá-la e o seu treinador, o francês Patrick Mouratoglou, em declarações ao site da WTA (circuito feminino), alongou-se na mesma ideia:

«O objetivo de Serena para este ano é ganhar um Grand Slam. Há três Grand Slams ainda por jogar. Provavelmente veremos em Roland Garros a Serena no seu melhor nível».

Será a tarefa da mais nova das Williams impossível? Não, mas é hercúlea. Na história do ténis profissional só houve três jogadoras a vencerem títulos de singulares do Grand Slam depois de terem sido mães: Margaret Court (3 dos seus 24 Majors), Evonne Goolagong (2 de 7) e Kim Clijsters (3 de 4).

Serena garante que a filha poderá ser uma ajuda, por aliviar a tensão da competição e levá-la a relativizar os desaires. Será?

Se há alguém capaz de fazer esta quadratura do círculo é Serena Williams. Já superou situações bem mais difíceis como o assassinato de uma irmã, uma embolia quase fatal e um parto extremamente complicado.

Sinceramente, não estou à espera de vê-la regressar tão rapidamente aos grandes êxitos após uma prolongada ausência do circuito como fizeram Rafa Nadal em 2013 e Roger Federer em 2017.

Mas espero estar enganado. Serena Williams merece.