Monumento. Fim à vista para as obras no Palácio Nacional da Ajuda

Obras para acolher um museu com joias da coroa portuguesa já arrancaram e têm 2020 como meta. Orçamento subiu para 21 milhões de euros. Quatro milhões vêm do Ministério da Cultura e cinco da Associação Turismo de Lisboa

No primeiro trimestre de 2020 deverão estar concluídas as obras na inacabada Ala Poente do Palácio da Ajuda, que serão a casa da Exposição Permanente do Tesouro Real. Na caixa forte, com apertadas medidas de controlo e de segurança, estará instalada uma coleção generosa das joias da coroa e tesouros da ourivesaria da casa real. anunciaram o ministro da Cultura, Luís Filipe Castro Mendes, e o presidente da Câmara de Lisboa, Fernando Medina, citados pela Lusa.

A construção do Palácio Nacional da Ajuda estava incompleta há mais de 200 anos. A fachada poente do edifício é finalmente terminada com um projeto “de desenho e expressão contemporânea” assinado pelo arquiteto João Carlos Santos.

O atual projeto de conclusão do palácio já tinha sido revelado em setembro de 2016, com um orçamento a rondar os 15 milhões de euros. Esse encargo sobe agora para os 21 milhões de euros. A conclusão estava prevista para dezembro deste ano, mas foi agora adiada para o primeiro trimestre de 2020.

Doze milhões de euros sairão do Fundo de Desenvolvimento Turístico de Lisboa, ou seja, de verbas provenientes da cobrança da taxa turística em Lisboa. É a primeira vez que a taxa é aplicada na área da cultura e do património. Cinco milhões de euros provêm da Associação Turismo de Lisboa e quatro milhões de euros serão suportados pelo Ministério da Cultura.

O diretor-geral da Associação Turismo de Lisboa, Vítor Costa, explicou que o encarecimento se deve à requalificação do espaço público envolvente na Calçada da Ajuda e à construção de “um restaurante de grande categoria”.

A estas duas razões junta-se mais uma: O projeto, “em termos de segurança, é muito particular e rigoroso” e foi necessário acrescentar materiais e soluções por recomendação de um consultor internacional.

“Um projeto único” para “um dos palácios mais emblemáticos do país”, afirmou Fernando Medina, enquanto o ministro da Cultura afirmou que, depois de sucessivas tentativas ao longo de dois séculos, é superada “a maldição do arquiteto”, porque há uma vontade política. E remata: “É um grande projeto turístico e cultural.”

São esperados 250 mil visitantes anuais – um número condicionado pelo facto de só cem pessoas em simultâneo poderem visitar a exposição na caixa forte. A entrada terá detetor de metais e raio-X.

No projeto museográfico de Francisco Providência, o museu terá um percurso serpenteante na caixa forte, onde estarão expostos 900 exemplares de joalharia real, 830 de joias do quotidiano, pratas utilitárias e decorativas, peças de ordens e condecorações, documentação e iconografia.

A conclusão das obras no Palácio Nacional da Ajuda está incluída na valorização de um eixo que se prolonga até ao rio Tejo e do qual fazem parte o Museu Nacional de Etnologia, o Museu Nacional dos Coches, o Padrão dos Descobrimentos, o Jardim Botânico Tropical e o futuro Pavilhão Azul, com a coleção particular de arte de Julião Sarmento.

Iniciado em 1795, o então Real Paço de Nossa Senhora da Ajuda foi mandado construir por D. José i após a destruição da morada real no Paço da Ribeira pelo terramoto de 1755. Foi a residência oficial dos reis portugueses desde o reinado de D. Luís i (1861-1889) até 1910, ano da implantação da República Portuguesa. Porém, nunca foi acabado devido a problemas financeiros e políticos como as invasões francesas, a ida da corte para o Brasil, confrontos entre liberais e absolutistas e o regicídio.

Em 1974, um grande incêndio destruiu a Galeria de Pintura de D. Luís e parte da ala norte. A coleção de arte de 500 quadros foi dizimada.