As retroescavadoras voltaram, mais uma vez, ao bairro 6 de Maio, na Amadora. Pelas primeiras horas da manhã, as equipas municipais, com ordens para demolir várias casas, começaram a ser vistas no bairro, acompanhadas por unidades de intervenção da PSP. Até ao momento, pelo menos duas casas já foram demolidas.
Neste momento, o bairro encontra-se cercado pelas autoridades e os moradores e ativistas estão impedidos de entrar no mesmo. Ao que o i apurou, apenas foi permitida a entrada de uma moradora por razões de saúde.
"Hoje de manhã o bairro ficou todo cercado e não deixam entrar as pessoas. Não dão informações e já estou a ver uma máquina ao pé da minha casa", disse Cátia Silva, moradora do bairro. "Tentei falar com um senhor, mas ele fugiu de mim. Quis entrar mas os polícias impediram-me".
A moradora explicou ainda que há pessoas a serem neste momento despejadas das suas casas. "Há uma casa que estava ocupada e há pessoas a serem despejadas. Não houve pré-aviso, não há nada da parte da Câmara [da Amadora]", explicou.
Em janeiro, e depois de a Câmara ter tentado avançar novamente com a demolição de casas no bairro, a presidente de Câmara, Carla Tavares, não se comprometeu a travar os despejos, mas pediu aos moradores para redigirem uma lista do conjunto de casos que não têm alternativa habitacional.
Como o i tinha avançado em janeiro, a pressa da Câmara em demolir o bairro, sem antes arranjar alternativas de habitação para todos os seus moradores, deve-se a um projeto urbanístico previsto para os terrenos ocupados pelo bairro, a que se soma o programa de nova geração de políticas de habitação que em breve entrará em vigor.