1.º Obidos Ladies Open. Campeã Nacional Francisca Jorge Vence Duelo Luso

Precisou de três partidas para superar cláudia cianci e apurou-se para a segunda ronda da fase de qualificação na guardian bom sucesso tennis academy. chuva voltou a prejudicar o torneio.

Francisca Jorge qualificou-se hoje (Domingo) para a segunda ronda da fase de qualificação do 1.º Obidos Ladies Open, torneio internacional feminino, a contar para o ranking mundial, de 25 mil dólares em prémios monetários, pouco mais de 20 mil euros, que tem sofrido com o mau tempo na Guardian Bom Sucesso Tennis Academy.

Entre bátegas lá foi possível concluir seis encontros da primeira ronda do ‘qualifying’, entre os quais o prato forte da jornada, o confronto entre duas credenciadas portuguesas, Francisca Jorge e Cláudia Cianci, no qual a campeã nacional triunfou por 1-6, 6-3 e 6-2, num duelo interrompido pela chuva a 2-1 do segundo set.

Cianci, uma portuguesa de origem italiana, de 21 anos, 1095.ª no ranking mundial, estava mais adaptada às características peculiares do piso de relva sintética, por ter jogado nos dias anteriores o torneio que ofereceu à vencedora um ‘wild card’ para o quadro principal. O seu ténis mais agressivo do fundo do court, com fortes efeitos spinados e aberturas de ângulos surpreendeu a mais apática Francisca Jorge.

A interrupção devido à chuva não prejudicou Cianci que manteve a pressão e teve hipóteses de adiantar-se no segundo set. Em contrapartida, a paragem devido à chuva ajudou Jorge a reagrupar-se. Conversou com a selecionadora nacional da Fed Cup, Neuza Silva, e regressou ao court mais lúcida e combativa. No terceiro set já era a vimaranense quem se movimentava melhor no campo e quem atacava mais.

Foi o segundo êxito de Francisca Jorge sobre Cláudia Cianci em torneios da Federação Internacional de Ténis, depois de tê-la derrotado no ano passado, na Figueira da Foz, também de 25 mil dólares, mas em hardcourts, então por bem mais fáceis 6-1 e 6-0.

A campeã nacional, de apenas 17 anos, 769.ª no ranking mundial alcançou no passado mês de março os quartos de final do quadro principal de um torneio ITF de 15 mil euros em Hammamet, na Tunísia, pelo que sente que poderá fazer algo nesta série de três eventos seguidos de 25 mil dólares no Guardian Bom Sucesso Golf Resort.

O seu principal obstáculo poderá ser a adaptação ao piso de relva sintética. A sua próxima adversária será a alemã Lisa Ponomar, a 13.ª cabeça de série da qualificação, de 20 anos, 643.ª no ranking WTA, que no ano passado venceu um torneio de 15 mil dólares, mas em terra batida.

Para além de Francisca Jorge, também Catarina Cerqueira e Madalena Andrade concluíram os seus encontros mas foram eliminadas, respetivamente pela espanhola Ines Benito (6-3 e 6-4) e pela romena Karola Bejenaru (6-0 e 6-0).

O programa de amanhã (Segunda-feira) inicia-se às 10 horas e voltará a ser carregado, incluindo a conclusão de um aliciante terceiro set entre a portuguesa Claudia Gaspar e a sueca Katerina Filip (4-1 para a escandinava), após cerca de três horas de encontro.

A grande estrela da qualificação, a portuguesa Maria João Koehler, ficou isenta da primeira eliminatória e continua à espera de medir forças com a bielorrussa Yuliya Hatouka, a 12ª cabeça de série.

Declarações

Francisca Jorge (campeã nacional): «Não estou muito habituada ao piso e hoje notou-se a dificuldade de movimentação. Também arranjei sapatilhas de relva, nunca tinha experimentado e é diferente. A nível mental foi difícil, ela está a jogar bem. Tenho de dar os parabéns à Cláudia, ela jogou muito bem, eu não estive no meu melhor. Tenho de aprender a ganhar mesmo quando não jogo tão bem. Foi uma boa vitória pela forma como superei as adversidades. A paragem ajudou. No caso da Cláudia não a afetou tanto. As palavras da Neuza (Silva) ajudaram-me a acalmar-me, eu estava quase perdida, foi muito bom para mim e ajudou-me bastante».

Cláudia Cianci (semifinalista no Campeonato Nacional): «Ter jogado o Torneio Wild Card ajudou-me muito a adaptar-me ao piso. Foi muito positivo ter jogado esse torneio e ter ficado depois mais um dia para treinar. Consegui logo hoje um bom primeiro set. Depois, a Kika teve mérito, porque esteve sempre presente, falhou pouco, para mim também foi um pouco difícil manter o nível tão elevado, mas todo o encontro foi muito equilibrado, mesmo que o resultado do terceiro set não o mostre. A Kika é uma excelente jogadora e fez a diferença no final. Agora foi mais equilibrado porque das outras vezes olhava mais para ela, mas hoje tentei mais preocupar-me comigo e o meu jogo. Isso fez toda a diferença. O trabalho paga, tenho trabalhado muito bem e acredito que no final as coisas irão calhar mais para mim».

Neuza Silva (selecionadora nacional feminina e treinadora de Francisca Jorge no Centro de Alto Rendimento do Jamor): «Não sido fácil preparar as jogadoras para este piso porque tem chovido muito, não há campos para treinar e isso notou-se no encontro de hoje. Por outro lado, foi uma boa surpresa para mim a evolução da Cláudia. Sei que ela tem trabalhado também em Espanha (Valência), num grupo de pessoas que conheço muito bem e que são extremamente profissionais (Pancho Alvariño Tennis Academy) e vejo uma evolução muito boa no jogo dela. Com o decorrer do encontro a Francisca foi-se soltando e foi tentando ser um pouquinho mais agressiva, melhorou também a atitude e conseguiu vencer. Na paragem, com duas ou três palavras, tentei-lhe abrir os olhos, eu própria sei que às vezes não gostamos de ouvir algumas coisas, mas fazem-nos acordar».

João Cunha e Silva (treinador de Cláudia Cianci no Clube Escola de Ténis de Oeiras, trabalho em paralelo com o que a jogadora efetua em Valência): «São três provas muito importantes e qualquer coisa que lhe permita elevar o seu nível de jogo e amealhar pontos para o ranking é importante. Foi importante jogar aqui o qualifying para adaptar-se à superfície. Se for possível ter um ‘wild card’ para o quadro principal num dos torneios seguintes, então isso será ótimo. Ela está bem, tem vindo a crescer, há que continuar, há que ganhar e passar rondas, ganhar confiança. Ela tem de amadurecer do ponto de vista emocional e tático. Ela é dotada do ponto de vista técnico, fisicamente melhorou bastante, mas precisa de gerir um pouco melhor o jogo do ponto de vista emocional para manifestar-se melhor taticamente. Penso que está a consegui-lo, apesar da derrota de hoje. Tem vindo a encurtar distâncias frente a jogadoras que têm um nível superior ao dela (referência à grande meia-final perdida frente a Maria João Koehler no Campeonato Nacional e à derrota de hoje diante de Francisca Jorge), pelo que tem razões para estar contente, mesmo tendo perdido».