O mês de março é dos meus preferidos no ténis mundial por se realizarem os dois torneios de categoria Masters 1000 mais importantes e mais bonitos do Mundo, em Indian Wells, na Califórnia, e em Miami (Key Biscayne), na Florida.
No tempo em que ainda nem havia esta nomenclatura de Masters 1000, Indian Wells era o Oeste e Key Biscayne o Wimbledon dos Estados Unidos.
Ambos foram crescendo para patamares gigantescos e acolhem ao mesmo tempo um ATP Masters 1000 um WTA Premier Mandatory. Por palavras mais simples, são os torneios mais importantes do circuito depois dos quatro do Grand Slam.
Não admira, por isso, que os Masters 1000, tal como os Majors, tenham sido dominados nas duas últimas décadas pelo chamado ‘Big Four’: Roger Federer, Rafael Nadal, Novak Djokovic e Andy Murray.
Federer, por ser o mais velho, foi o primeiro a conquistar um Masters 1000, no Open do Canadá em 2004. Deste então realizaram-se 126 torneios desta categoria e o ‘Big Four’ exerceu um reinado avassalador.
Só 25 desses torneios não foram alvo da voracidade daquele quarteto de luxo e em três épocas – 2011, 2013 e 2015 – todos os nove Masters 1000 foram mesmo parar às mãos deles, não dando abertura a outro jogador.
Em 2017, com as lesões prolongadas de Djokovic e Murray, e o reaparecimento das mazelas de Nadal, algo começou a mudar e a verdade é que os últimos seis Masters 1000 conheceram seis vencedores distintos: Sasha Zverev no Open do Canadá, Grigor Dimitrov em Cincinnati, Roger Federer em Xangai, Jack Sock em Paris-Bercy e, já este ano, Juan Martin Del Potro em Indian Wells e John Isner no domingo passado em Miami.
Nesta coluna semanal já tinha indicado que estamos a assistir a uma passagem de testemunho no circuito masculino e que só Federer tem escondido um pouco a inegável ascensão da nova geração.
No entanto, é curioso e sintomático que os títulos de Indian Wells e Miami tenham ficado nas mãos de um argentino de 29 anos e de um norte-americano de 32, ambos a regressarem ao top-10 mundial. A experiência ainda conta nos grandes eventos. Veremos até quando.
A diferença é que Juan Martin Del Potro não atingiu na Califórnia o ponto mais alto da sua carreira, pois conta no seu palmarés com um título do Grand Slam, o US Open de 2009, e começa cada vez mais a ser candidato a somar um segundo Major este ano. Não seria uma surpresa.
John Isner, pelo contrário, declarou Miami como a maior vitória da sua longa carreira e se calhar nem ele próprio acredita que poderá um dia integrar a faustosa lista de campeões dos Opens da Austrália, Estados Unidos, Roland Garros ou Wimbledon.