PSP. Hospital do Barreiro não paga gratificados mas tem tratamento de exceção

Tripulação de carro de patrulha obrigada a falar com enfermeiros e a fazer relatórios. Após contacto do i, Direção Nacional assegurou que instruções do comando de Setúbal vão ser alteradas de imediato

O Centro Hospitalar Barreiro Montijo não tem agentes da PSP gratificados há mais de um ano, na sequência de falhas nos pagamentos, mas, nos últimos dias, o comando distrital de Setúbal da PSP emitiu uma determinação para que se colmatasse essa falha prestando um tratamento de exceção ao hospital. De acordo com as indicações dadas por escrito, a tripulação do carro de patrulha tinha de desviar o seu trajeto a determinadas horas para ir à unidade de saúde falar com a enfermeira-chefe e fazer um relatório, um formalismo que foge às suas atribuições.

Confrontada ontem pelo i, a Direção Nacional da PSP confirmou que houve atrasos do hospital nos pagamentos de gratificados em 2016 (entretanto regularizados) e admitiu que as instruções dadas pelo comando distrital obrigam os agentes a um serviço que foge às suas competências, adiantando que as mesmas vão ser corrigidas de imediato.

“Sendo habitual que existam instruções para as equipas de serviço realizaram passagens junto de locais ou instituições que prestam serviços públicos, verificou-se neste caso especifico a necessidade de corrigir as instruções dadas, eliminando as formalidades de contactos dentro do espaço hospitalar”, assegurou a mesma fonte.

Ou seja, deixará de existir a obrigatoriedade da realização de relatórios, bem como de contactos com os enfermeiros-chefes de serviço.

Desde que o Centro Hospitalar Barreiro Montijo (CHBM) decidiu deixar de ter agentes gratificados, a unidade passou a dispor apenas dos serviços de uma empresa de segurança. A informação foi ontem confirmada pela administração, que adianta terem sido liquidados todos os valores que estavam em atraso à PSP e reforçados os meios para garantir a segurança.

“O CHBM não tem para com a PSP qualquer valor por regularizar; optou desde o final do ano passado por reforçar a equipa de segurança duplicando o número de horas dedicadas a esta importante componente de segurança, iniciando ainda este mês novo reforço dos elementos que prestam esta função, no sentido de garantir maior cobertura da mesma durante o período de obras a iniciar no serviço de urgência (geral e pediátrica) no início de maio e já com obras preparatórias em instalações alternativas no edifício da consulta externa”, afirma a administração, adiantando que após a saída da PSP não se verificou qualquer incremento de incidentes.

Ainda que os agentes tivessem indicações para passar todos os dias no hospital e falar com a enfermeira-chefe, o hospital negou qualquer tratamento diferenciado e disse que a PSP apenas tem tido intervenções a pedido de profissionais ou utentes ou por iniciativa própria, “a qual o CHBM valoriza e reconhece como muito positiva”.

Nesta resposta, o conselho de administração adianta ainda que quer reforçar as boas relações com as forças de segurança, estando em preparação a realização de “ações interprofissionais que permitam um conhecimento mais adequado das regras de funcionamento da urgência e da PSP”.

A administração do hospital recusou dizer quanto gastava com gratificados da PSP e qual o número de seguranças de que dispõe atualmente.

Contactado o presidente da Organização Sindical dos Polícias, Jorge Rufino disse que irá pedir informações sobre o caso: “Acho estranho este procedimento. Acabámos de ter essa informação e vamos entrar em contacto com o comando de Setúbal para perceber o que está em causa.”