Fernando Reino, o diplomata que era frontal

«Era um homem muito culto e inteligente, com uma grande capacidade de trabalho», diz Ramalho Eanes

Fernando Reino, embaixador português e antigo chefe da Casa Civil do general Ramalho Eanes, faleceu na madrugada do passado domingo, aos 88 anos. Geria um estabelecimento hoteleiro em formato de bed and breakfast, em Cascais.

Licenciado em Direito na Universidade de Coimbra, seguindo o percurso tradicional da sua geração, entraria para a carreira diplomática em 1957, passando por postos na Ásia, em África e, mais tarde, na Europa e nos Estados Unidos da América. Depois do 25 de abril, integraria a comissão nacional de descolonização e coordenaria a comissão de reestruturação do MNE. Seria também chefe da Casa Civil do então Presidente da República, general Ramalho Eanes. E chegaria a embaixador em Madrid, em Oslo e nas Nações Unidas.
 
Ao SOL, o general Eanes diz ter conhecido bem Fernando Reino «quer como cidadão quer como profissional, tanto como meu chefe da Casa Civil como na observação que tive do seu trabalho enquanto embaixador em diferentes postos». 

«Era um homem frontal, muito frontal. Foi um colaborador meu, muito próximo, como é sempre um chefe de Casa Civil. Muito crítico, por vezes, mas muito eficaz e muito leal. Digo leal e não fiel: a fidelidade reservava-a para o Estado e para as questões do Estado – o que aliás me parece perfeitamente razoável», afirma ainda o ex-chefe de Estado português. 

Depois da colaboração terminar, com Reino a voltar à carreira diplomática, «continuei a ter com ele uma ótima relação», conta. «Até quando tive necessidade de enviar alguém de grande credibilidade e bom senso à Tanzânia, para trazer os portugueses presos e acusados de desenvolveram atividades em proveito da Renamo, estava ele na Suíça, foi ele que foi escolhido», recorda também. 

«Era um homem muito culto e inteligente, com uma grande capacidade de trabalho», conclui o general Ramalho Eanes, em declarações ao SOL.