Operação Marquês. Divulgação dos interrogatórios é “legítima”, diz presidente do Conselho Deontológico dos Jornalistas

“Ainda que haja aspetos que possam suscitar dúvidas por assumirem contornos que raiam o voyeurismo, é inegável que as reportagens divulgaram aspetos do processo de relevante interesse público e são legítimas”,

A divulgação das imagens dos interrogatórios feitos no âmbito da Operação Marquês, divulgadas pela SIC e pela CMTV, mostram “aspetos do processo de relevante interesse público”, afirmou a presidente do Conselho Deontológico do Sindicato dos Jornalistas, São José Almeida.

Em declarações ao jornal Público, a responsável afirmou que considera, a título pessoal, estas divulgações “legítimas”.

“As gravações são oficiais e chegaram às mãos dos jornalistas. Ainda que haja aspetos que possam suscitar dúvidas por assumirem contornos que raiam o voyeurismo, é inegável que as reportagens divulgaram aspetos do processo de relevante interesse público e são legítimas”, explicou.

Recorde-se que, após a divulgação das imagens, a ministra da Justiça. Francisca Van Dunem, considerou que tais ações “constituem crime”. O Ministério Público (MP) anunciou na mesma altura a abertura de um inquérito, garantindo que, embora o processo já nãos e encontre em segredo de justiça, “a divulgação destes registos está proibida”.

O ex-primeiro-minsitro José Sócrates é uma das principais figuras da Operação Marquês: está acusado de três crimes de corrupção passiva de titular de cargo político, 16 de branqueamento de capitais, nove de falsificação de documentos e três de fraude fiscal qualificada. Sócrates já afirmou que vai constituir-se assistente no inquérito do MP.