Multi-campeões. Bayern, talvez a Juve e o penta da águia cada vez mais longe

Na Alemanha, o Bayern somou o sexto título consecutivo; em Itália, a Juventus procura o sétimo. Números incríveis, mas ainda longe dos recordes absolutos

Verão após verão, as esperanças de mudança renovam-se no coração de cada adepto – todos, menos aqueles que meia dúzia de semanas antes estavam a festejar o título de campeão, bem entendido. No futebol, como na vida, recomenda-se diversidade. Trocado por miúdos: aborrece ver sempre os mesmos a passear as faixas.

Opinião contrária, obviamente, terão por exemplo os adeptos do Bayern Munique, que no passado dia 7 viram o gigante bávaro sagrar-se campeão alemão pelo sexto ano consecutivo. Esta, de resto, é já a maior sequência de vitórias da história da Bundesliga – antes, só o próprio Bayern, por três vezes (de 71 a 74, de 84 a 87 e de 98 a 2001), e o Borussia Monchengladbach, numa (de 74 a 77), haviam conseguido vencer a prova em três épocas seguidas.

Esta temporada, há ainda outra equipa num campeonato de topo que pode conseguir uma série ainda maior: a Juventus. A vecchia signora é campeã italiana ininterruptamente desde 2011/12, somando seis campeonatos consecutivos, e lidera novamente a Serie A. Perdeu, todavia, uma oportunidade de ouro para praticamente selar as contas do título na última jornada: uma vitória na receção ao Nápoles, o mais direto perseguidor (neste e nos últimos anos), dava à Juve uma vantagem confortável de sete pontos para as últimas quatro jornadas.

Não correu bem para os de Turim, porém. Os napolitanos conseguiram mesmo vencer, com um golo do central Koulibaly em cima do minuto 90, e reduziram para um ponto a distância em relação ao topo. É verdade que os bianconeri ainda estão na frente, mas o calendário faz antever grandes dificuldades: já na próxima jornada, a Juventus vai ao terreno do Inter de Milão, tendo ainda de se deslocar também ao estádio da Roma quatro dias depois de disputar a final da Taça com o AC Milan. Em casa, recebe o Bolonha antes dessa final e acaba o campeonato a servir de anfitriã ao já despromovido Verona. Por seu lado, o Nápoles terá de se deslocar já este fim de semana ao terreno da Fiorentina, recebendo depois o Torino, curiosamente o maior rival histórico da Juventus. Na penúltima ronda, os partenopei visitam o recinto da Sampdoria, terminando o campeonato no mítico San Paolo contra o aflito Crotone.

Os recordes inalcançáveis

Se em Espanha e França este cenário não se verificou este ano – o Barcelona irá roubar o título conquistado a época passada pelo Real Madrid, enquanto o PSG fez o mesmo ao Monaco –, na liga portuguesa ainda existe a possibilidade de o tetracampeão se transformar em penta. Não se afigura fácil, é um facto: o Benfica tem de esperar por uma derrota ou dois empates do FC Porto nas três jornadas que faltam (visita Marítimo e Vitória de Guimarães, com a receção ao aflito Feirense pelo meio). Isto, além de estar obrigado a vencer os seus três jogos – e se as receções a Tondela e Moreirense não se afiguram complicadas, o mesmo não se poderá dizer do dérbi com o Sporting em Alvalade…

Seja como for, e ainda que venha a conseguir o tão almejado penta – e assim igualar o FC Porto, única equipa portuguesa que o conseguiu até agora (de 94 a 99) –, o Benfica estará ainda muito longe dos recordes estabelecidos noutras latitudes. Tal como o Bayern ou a Juventus, já agora, embora a vecchia signora possa igualar a maior série dos campeonatos europeus de topo: foram sete os títulos nacionais conquistados de forma consecutiva pelo Lyon entre 2001 e 2008 em França – com participação direta de craques como Juninho Pernambucano, Essien, Benzema ou o português Tiago.

Todos eles têm ainda de palmilhar muito terreno para chegar aos registos atingidos por Skonto Riga, na Letónia, e Lincoln Red Imps, em Gibraltar: 14 campeonatos nacionais consecutivos – neste último caso, também com portugueses ao barulho (Bernardo Lopes e António Livramento). Rosenborg, com 13 na Noruega, ocupa o segundo lugar do pódio, sendo o terceiro pertença de uma equipa que ainda este ano pode subir um posto: o BATE Borisov, campeão nos últimos 12 anos na Bielorrússia e já esta época lançado para o 13.º – soma quatro vitórias noutras tantas jornadas decorridas, numa prova que começou a 30 de março e só terminará a 12 de dezembro.

Nos últimos anos, vários foram os países que assistiram a períodos de hegemonia por parte de um clube. Na Croácia, por exemplo, o Dínamo de Zagreb foi rei e senhor durante 11 temporadas, até que na época passada viu o título voar para o Rijeka – já o irá recuperar este ano. Na Bulgária, o Ludogorets venceu os últimos seis campeonatos e tem o sétimo igualmente na mão, tal como o TNS no País de Gales.

Cenários diferentes enfrentam Basileia, Olympiacos e APOEL. Os suíços são campeões há oito temporadas consecutivas, mas esta época – em que até fizeram excelente figura na Liga dos Campeões, onde por exemplo trucidaram o Benfica (5-0) – o título irá para o Young Boys. Os gregos, por seu lado, conquistaram os últimos sete campeonatos – e foram campeões 21 vezes nos últimos 23 anos –, mas este ano exibiram-se muitos furos abaixo do normal; melhor para o AEK de Atenas, dos portugueses Hélder Lopes e André Simões, campeão pela primeira vez desde 1994. E os cipriotas do APOEL açambarcaram os últimos cinco títulos nacionais, estando agora, a três jornadas do fim, a dois pontos do líder Apollon.