Arménio Carlos exige inclusão do aumento salarial no Orçamento do Estado

O secretário-geral da CGTP defendeu o aumento salarial e criticou a falta de combate à precariedade laboral

"Não é só necessário aumentar os salários este ano, é também urgente que o governo assuma publicamente que no próximo Orçamento do Estado vai lá colocar uma cláusula a assumir que há mesmo aumento geral dos salários para 2019", afirmou Arménio Carlos, secretário-geral da CGTP, no discurso das comemorações do 1º de Maio, em Lisboa.

O sindicalista criticou o governo por continuar com a política do governo anterior ao afirmar que ainda não se pode aumentar os salários. "É preciso dizer basta de desculpas", disse acrescentando que "o aumento dos salários, ao contrário do que eles dizem, não deita as empresas abaixo, pelo contrário é um instrumento que beneficia o rendimento das famílias, dinamiza a procura interna, promove o escoamento da produção, cria mais emprego, aumenta as receitas fiscais e assegura o crescimento económico".

Sobre a precariedade laboral, o sindicalista mostrou-se favorável à iniciativa avançada pelo governo de baixar para dois anos o período de renovação de contratos temporários mas alertou que esse não é o verdadeiro problema. "Com a renovação a três anos, ou a dois ou a um, o que nós vamos ter é a vergonha que hoje existe em que os trabalhadores ao fim dos três anos são despedidos, dois dias depois são contratados para irem para o mesmo local que é um local de trabalho permanente com contrato precário, salário miserável, para continuar a encher os lucros àqueles que os explora", afirmou.

Arménio Carlos não deixou de mensagem de apoio aos "trabalhadores de comércio que hoje estão em greve para usufruir do feriado que é seu" acrescentando que, ao contrário do que muitos pensavam ser impossível, "muitas lojas do Minipreço e muitas lojas do Lidl estiveram paradas".

Ao governo ficou a mensagem para "falar menos com Bruxelas e fazer mais pelos portugueses". O secretário-geral da CGTP reforçou que "para o país avançar é preciso romper com a política de direita que o fez recuar", referindo-se à "obsessão do défice", ao "garrote da dívida", assim como à "ditadura do programa de estabilidade" e aos "constrangimentos do tratado orçamental e do euro". "O dinheiro que abunda para acudir os bancos, escasseia no Serviço Nacional de Saúde, falta à escola pública, tarda à Segurança Social e não se vê na Cultura", criticou ainda.

Sobre a PT, os CTT e a EDP, o sindicalista voltou a criticar a privatização das entidades que permite que continuem "a sair milhares de milhões de euros para o estrangeiro que podiam ficar em Portugal para ajudar ao desenvolvimento do país e que continuam a ser enviados para os bolsos dos capitalistas".