Nova em Carcavelos. O que é que o novo campus não tem?

Esta não é uma faculdade convencional. Em agosto, a Nova SBE abre portas em cima da praia de Carcavelos. Estudantes, professores e visitantes terão acesso direto ao areal, ginásio com aulas de crossfit e um supermercado futurista. 

Onde agora ainda há brocas, gruas e andaimes, num futuro próximo a vista para o mar estará desimpedida e não faltarão espaços para desfrutar do sol e da brisa da marginal. A construção do novo campus da Nova School of Business and Economics (SBE) em Carcavelos aproxima-se da reta final e já dá para perceber o que vai mudar. O i fez uma visita guiada exclusiva à instituição, numa altura em que faltam apenas três meses para a receção dos primeiros alunos. O entusiasmo é grande: também pela localização de novo campus, esperam atrair cada vez mais alunos de todo o mundo e criar uma verdadeira comunidade, com espaço para árvores de fruto mas também para as mais novas ferramentas tecnológicas.

São mais de 500 as pessoas envolvidas na empreitada. O campus com 90 mil metros quadrados tem como principais premissas potenciar o debate entre professores e alunos, ter as portas abertas à comunidade e, nas palavras de Marta Assunção, diretora de marca e comunicação da Nova SBE, associar “a ideia de excelência académica que a escola tem hoje com o estilo de vida único do nosso país”.

As inscrições ainda estão a decorrer, mas a Nova prevê que o ano letivo 2018/19 arranque com cerca de 3000 alunos, entre licenciaturas, mestrados, doutoramentos e MBA. “Atualmente, com a estrutura e o staff que temos, temos capacidade para 5000 alunos, mas a nossa ideia é duplicar esse número nos próximos 10 anos, de forma gradual para não perdermos qualidade”. 

Manter a qualidade ganha especial importância quando a Nova SBE tem uma imagem a manter, ou não estivesse contemplada nos principais rankings internacionais. “Temos alunos vindos de todo o mundo, mas quando lhes perguntamos porquê a Nova SBE, além dos rankings, falam sempre sobre a importância da cidade em si, da segurança, do modo de vida acessível e do facto de estar junto ao mar”, explica ao i a responsável pela comunicação.

A escola do futuro

“O novo campus da Nova SBE é único”. Quem o diz é Pedro Santa-Clara, presidente da Fundação Alfredo de Sousa. “A fundação, que tem como missão única e exclusiva apoiar a Nova SBE na sua missão, recebeu da Câmara de Cascais o terreno e os donativos de privados e empresas. Até agora conseguimos donativos de 39 milhões de euros; faltam-nos 11 milhões para chegar ao objetivo – 50 milhões de euros”, explica ao i o responsável.

Já Marta Assunção fala da diferenciação do campus sob outra perspetiva: “este campus é muito diferente das escolas que estamos habituados a ver em Portugal”, acredita. Mas o que é que a nova Nova SBE tem? Uma visita pelo espaço dá a resposta.

A entrada principal da escola parte da marginal, próxima da rotunda de Carcavelos, e conduz a um átrio amplo, com muita luz, onde estão projetadas várias lojas e de onde saem quatro alas de ensino, como a Santander Hall, dedicada aos mestrados. No átrio, a construção ainda está longe do fim, mas ao centro está já terminada uma escadaria larga que sobe para o primeiro piso, onde se situam os “gabinetes do staff”, também ainda por terminar. Ao fundo, os gabinetes do staff dão lugar aos gabinetes dos professores – uma zona já acabada, onde o vidro é o principal material utilizado, escolha transversal a todo o projeto dos arquitetos Vítor Carvalho Araújo e António Barreiros Ferreira – e que vai ao encontro da estratégia de fomentação do diálogo e integração da comunidade assumida pela escola.

De regresso ao piso de baixo, passamos à zona das salas de aula, onde se fazem os últimos acabamentos. O vidro é, também aqui, predominante e transmite uma ideia de continuidade das salas, já por si espaçosas. No fundo do largo corredor ladeado pelas salas, um outro lance de escadas dá acesso a um piso de anfiteatros – 26 em todo o campus. Num futuro próximo, as paredes deste corredor estarão preenchidas por cacifos.

Essa área dá lugar a um grande lounge, “que terá muitas cadeiras, sofás e mesas” e fica completo com um “food court amplo, com vários tipos de restauração. Ao lado, ficará a loja do futuro da Jerónimo Martins. “Vai ser uma espécie de Amazon Go”, explica Marta. Lembra-se da notícia sobre um supermercado sem funcionários na caixa de pagamento? É por aí. 

Chega-se, depois, à praça EDP Plaza, uma outra área de lazer pensada para receber vários tipos de iniciativas, como concertos. Na parte exterior, há um edifício dedicado aos alunos mais estudiosos, abertos 24 horas por dia. E não faltam espaços verdes. Entre os edifícios, há pequenas árvores plantadas que vão compor, no futuro, os pomares. “Estes espaços reforçam a ideia de uma comunidade para todos. A escola é realmente aberta a todos”, assinala Marta Assunção. O novo campus inclui ainda o grande auditório Jerónimo Martins – resultado de donativos do grupo de retalho -, com capacidade para 400 pessoas.

À direita da estrutura, um dos fatores diferenciadores do campus: uma passagem subterrânea direta e privilegiada à praia de Carcavelos, que passa por baixo da marginal. À lista dos destaques junta-se ainda um ginásio, situado em frente ao auditório. “Não vai ter piscina, vai ter basicamente algumas máquinas e aulas de crossfit, por exemplo”, diz Marta. “E também este espaço reforça a ideia de estarmos abertos à comunidade: qualquer pessoa pode inscrever-se no ginásio, tal como qualquer pessoa pode vir à loja do futuro ou almoçar na zona de restauração”.

E se por baixo do ginásio haverá um experience hub da Cisco e da Microsoft, “onde os alunos vão poder testar tecnologia, reconhecimento facial, robótica e inteligência artificial”, na parte de cima há um terraço com uma vista desafogada sobre a costa, resultado do financiamento de um antigo aluno. “Quando fizemos a campanha de fundraising, o António Casanova, antigo aluno que é hoje CEO da Unilever Ibéria, disse que o mais importante da sua passagem pela escola tinham sido os amigos que fez para a vida. Por isso, queria um espaço divertido e olhou para a planta e disse ‘eu quero este terraço’. E assim foi: vai-se chamar António Casanova chillout terrace”, conta a responsável.

O edifício mais próximo da marginal é batizado de “premium” por isso mesmo e tem um terraço a condizer. 

Ao lado do ginásio, fica ainda a biblioteca Teresa e Alexandre Soares dos Santos, com dois andares. Aqui, a sustentabilidade é uma preocupação assumida: a energia é garantida por painéis solares, tal como nas residências, a última paragem da visita. Têm 123 quartos e, tal como a zona de restauração ou o ginásio, vão ser concessionadas a uma empresa da área, para as gerir. Além dos quartos – com casa de banho e varanda -, não faltam zonas comuns. Tudo para dar aos alunos que por aqui passam as condições ideais para que assumam “um sentido de missão” no mundo.