75 mortos, 192 desaparecidos, mais de 2600 desalojados. A tragédia na Guatemala

Na terça-feira, uma nova erupção do vulcão Fuego voltou a assustar o país

75 mortos, 192 desaparecidos, mais de 2600 desalojados. A tragédia na Guatemala

Pelo menos 75 mortos e 192 desaparecidos. Este é, para já, o balanço das vítimas das erupções vulcânicas que devastaram no domingo passado as imediações do vulcão Fuego, na Guatemala. Agora, a preocupação é tentar encontrar as pessoas que continuam desaparecidas e conter os fluxos piroclásticos, o fenómeno que tornou esta tragédia ainda mais mortífera.

Estes fluxos são constituídos por corpos fluidos compostos por gases aquecidos, cuja temperatura varia entre os 100 a 1500ºC, fragmentos de rochas e cinzas. Estes fluxos viajam a velocidades incríveis, destruindo tudo à sua volta. Os especialistas afirmam que este terá sido o fenómeno uma das catástrofes ambientais com maior impacto nos últimos anos.

De acordo com o governo da Guatemala, citado pelo site norte-americano CNN, a erupção de domingo afetou mais de 1.7 milhões de pessoas. Ao todo, 3,271 tiveram de ser retiradas das suas casas e locais de trabalho. Apenas 23 pessoas foram identificadas, pelo que o número de pessoas desaparecidas poderá diminuir consoante a identificação dos 75 cadáveres – destas 23 pessoas, apenas duas são crianças. Tinham três e seis anos, revela o Instituto Nacional de Ciências Forenses (INACIF) da Guatemala.

Segundo a mesma fonte, a maioria vivia em aldeias nas encostas do vulcão de cerca de quatro mil metros de altura. Dados oficiais revelam que 2,625 ficaram sem casa.

Cuidados no México e nos EUA

“Não estamos apenas a falar sobre aquilo que foi descrito como a maior erupção do vulcão desde 1974. Estamos a falar de uma tragédia, de um luto nacional”, afirmou o presidente da Guatemala, Jimmy Morales.

O líder guatemalteco confirmou que seis pessoas que ficaram gravemente feridas serão assistidas nos EUA e no México. Seis crianças irão ser tratadas no Hospital Shriners para crianças em Galveston, Texas, comunicou o próprio hospital, citado pela CNN. As autoridades da Guatemala e do hospital acrescentaram que as crianças serão transportadas por aviões da Força Aérea dos EUA até ao final de quarta-feira.

Nova erupção

Enquanto decorriam os trabalhos de resgate na passada terça-feira, uma nova erupção do Fuego voltou a assustar a Guatemala, expelindo gás quente e rocha derretida que escorreu pelo lado sul do vulcão.

Muitos foram apanhados de surpresa pela erupção – na altura em que tudo aconteceu, sismólogos que se encontravam no local a investigar o caso disseram que a erupção terminaria no futuro próximo.

As condições para tentar ajudar as vítimas do vulcão não têm sido as melhores: os profissionais no terreno queixam-se da dificuldade que têm em respirar num ambiente tão abafado e perigoso. O calor do solo é tão intenso que fez com que as solas das botas de alguns bombeiros começaram a derreter. Para já, a solução encontrada foi recorrer a tábuas de madeira para caminhar.

Um dos bombeiros, Mario Cifuentes, fala das dificuldades que se tem em lidar com o calor: “É muito difícil respirar devido ao calor e o solo está muito instável”, disse à CNN.

Diego Ibarguen, outro bombeiro no terreno, comenta: “Basicamente já não existem mais casas, e, a meu ver, não há ninguém nas redondezas a não ser os investigadores e os bombeiros que andam a salvar pessoas. O mais triste disto tudo é que há um monte de corpos de crianças e adultos [no meio da rua]”.