Maioria das empresas portuguesas não cumpre prazos de pagamento

Falta de liquidez, litigância e risco estão associados ao incumprimento, mas são as empresas de menor dimensão que são as mais cumpridoras.

A maioria das empresas portuguesas não cumpre os prazos de pagamento. Em cada 100 empresas portuguesas, só 15 pagam aos seus fornecedores dentro dos prazos acordados. De acordo com o estudo da Informa D&B ‘Como pagam as empresas em Portugal’, este é o pior registo de uma década em que a situação se tem agravado e afasta Portugal ainda mais da média europeia que no final de 2017 se situava nos 41,7% – que, tendo crescido 2,6 pp no último ano, mostra uma tendência contrária aos números portugueses.

Cerca de 2/3 das empresas das empresas em Portugal pagam com um atraso até 30 dias, embora a percentagem de empresas com atrasos superiores a 30 dias tenha registado uma redução significativa, passando de mais 30% em 2007 para 19% em 2018.

De acordo com o mesmo estudo, o atraso nos pagamentos das empresas portuguesas verifca-se em todos os setores de atividade, dimensão de empresas e regiões do país, apesar de em 2013 ter sido transposta para a legislação nacional uma diretiva europeia com o objetivo de proteger as empresas, em especial as PME, contra os atrasos sistemáticos nos pagamentos nas transações comerciais.

A lista dos países com mais empresas a pagar dentro dos prazos é liderada pela Dinamarca, com 88,4%, Polónia, 75,5%, e Rússia, com 70,9%.

Os principais parceiros comerciais internacionais de Portugal registam níveis mais elevados de cumprimento das datas de pagamento, facto que não influencia a melhoria dos comportamentos de pagamento das empresas em Portugal.

A dimensão das empresas é uma das variáveis onde se observam diferenças nos comportamentos de pagamento. Apesar das baixas percentagens de cumprimento de prazos serem transversais às empresas de todas as dimensões, são as micro (17,5%) e as pequenas empresas (14,8%) que se revelam mais cumpridoras. Pelo contrário, entre as grandes empresas, apenas 4% pagam dentro dos prazos. No entanto, as grandes empresas têm prazos de pagamento mais curtos (- 48 dias do que as micro empresas). O incumprimento superior nas grandes empresas é um facto que se regista também noutros países.

As empresas das regiões Norte, Centro e Algarve são as mais cumpridoras. Entre as piores pagadoras estão a Área Metropolitana de Lisboa, o Alentejo e os Açores.

Os baixos níveis de cumprimento das datas de pagamento são generalizados a todos os setores. Nos setores do Alojamento e restauração e Transportes, menos de 10% das empresas cumprem os prazos de pagamento acordados. No entanto, todos os setores concentram mais de metade das empresas na categoria dos atrasos até 30 dias.

Os atrasos nos prazos de pagamento comportam consequências negativas para a vida das empresas, ao nível da liquidez, litigância e risco de failure*.

Entre as empresas com menor liquidez, apenas 13,7% paga dentro dos prazos, contrastando com os 21,2% das empresas com maior liquidez. Além disso, o atraso nos pagamentos pode induzir problemas de liquidez nas empresas credoras, sobretudo nas de menor dimensão.