Eurostat. Portugal é campeão no aumento do preço das casas

Muito se tem falado do aumento do preço das casas em Portugal. Não podia, aliás, ser de outra forma. 

De acordo com os dados do Eurostat, o país tem já a quarta maior subida da União Europeia. Pode mesmo dizer-se que a subida foi de 12,2% em termos homólogos, o que compara com a média dos Estados-membros, que se fixou em 4,7%.

A análise foi divulgada esta terça-feira pelo gabinete de estatísticas europeu e faz referência os primeiro trimestre deste ano. Portugal apenas não fica no pódio por causa da Letónia (13,7%), Estónia (13,4%) e Irlanda (12,3%).

Bancos emprestam 25 milhões por dia para compra de casa

Os dados, divulgados esta terça-feira pelo Banco de Portugal (BdP), mostram que o crédito à habitação continua a aumentar. Em maio, voltou a subir e superou os 800 milhões de euros em empréstimos para este fim. No fundo, este valor aumenta para 3 784 milhões de euros o total concedido nos primeiros cinco meses do ano. Feitas as contas, em média, foram concedidos 25,1 milhões de euros por dia.

Uma onda de aumentos

Apesar da trajetória ascendente dos preços das casas estar em destaque nos últimos tempos, já em janeiro do ano passado era tema e motivo de alarme. Na altura, o aumento que se se fazia sentir nos preços das casas em Portugal era já o mais elevado desde 2001.

De acordo com a Confidencial Imobiliário (Ci), o preço praticado no país tinha crescido 7,5% em setembro de 2016 em relação ao período homólogo. Para encontrar uma valorização equivalente era preciso recuar cerca de 15 anos. Aliás, segundo a CI, este resultado ia de encontro ao que tinha sido avançado pelo Portuguese Housing Market Survey, onde o aumento acentuado dos preços ganhava destaque. Neste estudo, a subida média anual apontada para os próximos cinco anos era de 4%.

De acordo com Ricardo Guimarães, da CI, “a generalização da recuperação dos preços decorre da estabilização do sistema financeiro e do sucessivo incremento do crédito à habitação, mas também ao crescente desequilíbrio entre uma procura que continua a aumentar e a escassez de oferta adequada às famílias portuguesas, que estão hoje mais confiantes e descongelaram as suas decisões de compra”.

Arrendamento. Preços mais altos empurram pessoas para a periferia

Mas nem só de compra se faz o drama. Os atuais preços praticados no mercado de arrendamento são insustentáveis para a maioria dos portugueses e a oferta de-sajustada da procura tem arrastado as pessoas para as periferias. De acordo com a  Century 21 Portugal, os primeiros meses do ano passado já eram complicado nesta matéria. O valor médio de arrendamento, a nível nacional, fixava-se nos 680 euros, o que revelava um aumento de 10% face à média de 620 euros registada no mesmo período do ano anterior. “A atual oferta do mercado de arrendamento não é suficiente, nem adequada, para dar resposta aos níveis de procura dos consumidores portugueses, o que provoca um aumento sistémico do valor médio do arrendamento”, explica a análise feita ao setor imobiliário nacional. 

Os dados mostram ainda que a maior procura de arrendamento se verifica no centro das principais cidades do país, e de forma mais acentuada nas que possuem polos universitários. Até porque o arrendamento a universitários é fácil, rentável e tem uma procura histórica.

Os mais penalizados com a inflação de preços são os mais jovens. Luís Lima, presidente da Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal (APEMIP), explica que, “se considerarmos o valor médio de oferta em Lisboa ou no Porto, chegamos rapidamente à conclusão de que a maior parte dos jovens portugueses não têm, de todo, condições para suportar rendas daquela dimensão, sendo habitual juntarem-se em apartamentos, arrendando quartos. No entanto, esta é uma situação que, por vezes, sai da esfera dos jovens para se estender a pessoas adultas, e por vezes, em situações mais complexas, até a famílias”.