O Museu Nacional do Brasil, situado no palácio D. João VI, no Rio de Janeiro, foi esta madrugada consumido por um incêndio. Não há registo de feridos, no entanto as perdas a nível histórico são avultadas.
O incêndio deflagrou pelas 19h30 locais (23h30 em Lisboa), já depois da hora do fecho do museu, e consumiu todo o edifício. No combate às chamas estiveram as equipas de 20 quartéis de bombeiros do Rio de Janeiro que ainda conseguiram salvar algumas peças do espólio do museu.
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— Folha de S.Paulo (@folha) 3 de setembro de 2018
O vice-diretor do Museu Nacional, Dias Duarte, disse à Globo que “o arquivo de 200 anos virou pó”. “São 200 anos de memória, ciência, cultura e educação”, acrescentou criticando a “falta de suporte e consciência da classe política brasileira”. Esta “catástrofe insuportável” ocorre precisamente no dia em que se celebrava o aniversário da assinatura do decreto de independência do Brasil – 2 de setembro de 1822 – assinado pela imperatriz Consorte do Império do Brasil e esposa do imperador D. Pedro I, Maria Leopoldina da Áustria, naquele preciso lugar. Celebrou-se também este ano os 200 anos da instituição, não tendo contado com a participação de nenhum ministro do Estado.
Michel Temer, presidente do Brasil, já reagiu ao incêndio publicando na sua conta de twitter que este “é um dia triste para todos os brasileiros”. “Incalculável para o Brasil a perda do acervo do Museu Nacional”, pode ainda ler-se na publicação onde o presidente acrescenta que “o valor para a nossa história não se pode mesurar, pelos danos ao prédio que abrigou a família real durante o império”.
Incalculável para o Brasil a perda do acervo do Museu Nacional. Foram perdidos 200 anos de trabalho, pesquisa e conhecimento. O valor p/ nossa história não se pode mensurar, pelos danos ao prédio que abrigou a família real durante o Império. É um dia triste para todos brasileiros
— Michel Temer (@MichelTemer) 3 de setembro de 2018
Criado por D. João VI, rei português, o palácio foi a residência oficial da família real quando estava no Brasil. Enquanto museu, o edifício continha cerca de 20 milhões de peças históricas e relacionadas com a ciência tais como o mais antigo fóssil humano encontrado na América do Sul, um meteoro, o maior e mais importante acervo indígena, a coleção egípcia reunida pelo imperador D. Pedro I, assim como uma das bibliotecas de antropologia mais ricas do Brasil.