Algarve anuncia taxa turística mas associação de Turismo critica a medida

O presidente da Região de Turismo defende que “a taxa turística não atende à realidade da concorrência”

A Comunidade Intermunicipal do Algarve (AMAL) anunciou esta sexta-feira que vai passar a ser cobrada uma taxa turística aos hóspedes que visitem a região mais a sul de Portugal. Esta taxa terá o custo de 1,5 euros por dia, num máximo de sete dias consecutivos, e será aplicada nos meses entre outubro e março.

No entanto o presidente da comissão executiva da Região de Turismo do Algarve (RTA) discorda da medida, “do timing e do modelo escolhidos” e anunciados. Em comunicado, João Fernandes, defende que se trata de “uma decisão errada, que surge em contraciclo com a procura turística e que pode gerar perda de competitividade para o destino Algarve. A taxa turística não atende à realidade da concorrência, já que apenas as Ilhas Baleares, a Catalunha e a Tunísia aplicaram esta taxa, e este anúncio acontece numa altura em que se verifica uma forte retoma de destinos concorrentes do Algarve, tais como a Grécia, a Turquia, a Tunísia e o Egito, sendo que os três últimos não estão sujeitos às regras da concorrência europeia e apresentam preços muito agressivos”.

Também a questão do Brexit deve ser tida em conta, acrescenta João Fernandes, como “um processo que já fez cair o poder de compra dos britânicos devido à desvalorização da libra face ao euro e que afeta o principal mercado emissor de turistas para o Algarve, do qual ninguém antecipa ainda o desfecho”.

Segundo as contas feitas pela AMAL, esta taxa deverá render aos municípios do distrito 20 milhões de euros por ano, segundo o Eco, um valor que será utilizado para projetos supramunicipais de promoção turística, reabilitação do património e intervenção da cultura.

“É estranho não se definir, à partida, onde será aplicada a taxa turística no Algarve, e que não tenha desde logo ficado assegurado por essa via um contributo para a promoção turística do destino Algarve, tentando assim atenuar uma eventual perda de competitividade” , reforça o presidente acrescentando que “igualmente estranho é não ter ficado definido o início da aplicação da taxa simultaneamente em todos os concelhos, o que poderá vir a gerar desigualdades dentro da região e enfraquecer o destino como um todo”.

João Fernandes, reforça ainda que “a taxa turística não atende à diferença entre a realidade de um destino-cidade, como Lisboa e Porto, com estadias curtas de um ou dois indivíduos, por comparação com o Algarve, destino familiar e com estadias prolongadas, para as quais a aplicação de uma taxa com estas características é mais penalizadora”.