Malásia. Viveu sete meses num aeroporto e foi ontem detido

Hassan al-Kontar viveu no aeroporto da Malásia por sete meses

Poderia ser um remake do filme “O Terminal”, mas aconteceu na vida real com um sírio, que ficou por sete meses preso num aeroporto da Malásia. Agora, sete meses depois, Hassan al-Kontar, de 36 anos, foi retirado do terminal e detido pela polícia malásia. Depois de prestar  declarações às autoridades, Al-Kontar deverá ser “referenciado ao departamento de imigração”, revelou o chefe do departamento da imigração, Mustafar Ali, à BBC.

Al-Kontar fugiu da Síria quando recebeu o aviso de que seria obrigado a servir nas forças armadas sírias, em 2006. E quando a guerra civil síria começou, em 2011, recusou-se a regressar ao país. Continuou a trabalhar na área dos seguros da companhia áerea United Arab Emirates, nos Emirados Árabes Unidos (EAU), até a validade do seu passaporte expirar – não o podia renovar por ter fugido ao serviço militar. Impedido de permanecer nos EAU, Al-Kontar não teve outra opção que não viver ilegamente no país, até ser detido em 2016. O regime de Bashar al-Assad tentou que o governo malásio o deportasse para a Síria, mas Al-Kontar opôs-se e acabou por o ser para a Malásia, um dos poucos países que permitem a livre entrada de sírios. Por aí permaneceu por três meses com um visto turístico até ser novamente expulso. Tentou chegar à Turquia, mas viu a sua entrada no avião ser-lhe recusada; tentou o Camboja, mas foi obrigado a voltar para trás. Sem alternativas, permaneceu nas instalações do aeroporto da Malásia, considerado território internacional.

Por sete meses viveu num pequeno espaço das chegadas do aeroporto, com os seus trabalhadores a darem-lhe comida. Entretanto, num limbo legal, pediu asilo no Equador e Camboja, mas também os viu serem recusados. “Existem muitos países que não me querem, mas vou fazer o que puder”, disse, em 2016, Al-Konfar, à BBC.