Três navios ucranianos foram capturados pela Rússia ao largo da Crimeia

Depois de abalroar o rebocador e deter as lanchas, a Guarda de Fronteira da Rússia aprisionou os marinheiros ucranianos. Ucrânia fala em “acto de agressão”

Voltou a aumentar a tensão entre a Rússia e a Ucrânia, quando este domingo três navios ucranianos foram interceptados pela armada russa. Tudo começou quando, de acordo com as autoridades de Kiev, duas lanchas e um rebocador da Marinha de Guerra ucraniana navegavam do porto de Odessa, no mar Negro, para o porto de Mariupol, no mar de Azov. Contudo, ao atravessarem o estreito de Kerch, foram impedidos de seguir viagem por navios às ordens de Moscovo. Este estreito separa a Crimeia, anexada pela Rússia em 2014, do resto do antigo país dos sovietes, tratando-se de um corredor que une o mar Negro ao mar de Azov.

Nos céus sobrevoaram caças e helicópteros russos, numa demonstração de força que se confirmou pelo bloqueio realizado por um navio petroleiro, que impedia, junto à ponte que liga o estreito de Kerch, o progresso das embarcações ucranianas.

Depois de abrir fogo, abalroar o rebocador e deter as lanchas, a Guarda de Fronteira da Rússia aprisionou os marinheiros ucranianos, estando estes a ser questionados quanto ao propósito da travessia. Na noite de domingo a Ucrânia, que acusa a Rússia de “acto de agressão”, anunciava que seis tripulantes  ficaram feridos em consequência da abordagem russa. Moscovo, que confirmou o uso de armas e força, proclamou serem apenas três os ucranianos feridos.

O Kremlin fez saber que os navios ucranianos violaram a fronteira russa, defendendo que todas as ações da Guarda de Fronteira da Rússia foram realizadas em conformidade com o direito internacional e não podem ser consideradas duras, uma vez que se “trata da invasão de navios militares estrangeiros nas águas territoriais da Federação da Rússia", disse o porta-voz da presidência russa, Dmitry Peskov, citado pelo Sputnik News.

O presidente da Ucrânia, Petro Poroshenko, convocou, no dia seguinte, uma reunião de emergência do conselho nacional de segurança, pedindo ao parlamento para apoiar uma proposta para declarar lei marcial por 30 dias.

Poroshenko pediu ainda ao Secretário Geral da NATO, Jens Stoltenberg, que convocasse uma reunião extraordinária da Comissão NATO-Ucrânia para discutir a situação actual. Stoltenberg, consentiu em reunir e expressou, em nome da NATO, total apoio à integridade e soberania territorial da Ucrânia, incluindo aos direitos de navegação nas suas águas territoriais, sob a lei internacional.  A reunião deverá acontecer esta segunda-feira, em Bruxelas.