Petição pede criação de dia em memória das vítimas da Inquisição

Francisco Louçã, Maria de Belém, Francisco José Viegas e Richard Zimler são algumas das figuras públicas que assinaram esta petição

Portugal deve ter um dia para lembrar as vítimas da Inquisição? Deu entrada na Assembleia da República uma petição que visa a criação de um memorial a estas pessoas, que seria construído em frente ao Teatro Nacional D. Maria II, em Lisboa.

E porquê este local? Foi ali que, durante anos, funcionou o tribunal da Inquisição de Lisboa, condenando à morte milhares de judeus. O historiador Jorge Martins, autor desta petição, explicou à Sábado que, durante os três séculos em que a Inquisição vigorou em Portugal, deram entrada mais de 45 mil processos nos vários tribunais espalhados pelo país – muitos terminaram em autos de fé, com os condenados a serem queimados na praça pública.

A petição deu entrada no parlamento a 17 de março de 2018. Francisco Louçã, Maria de Belém, Francisco José Viegas e Richard Zimler são algumas das figuras públicas que assinaram esta petição, que pede que seja estabelecido o Dia da Memória das Vítimas da Inquisição a 23 de maio. Não se trata de uma data aleatória: esta é o dia em que, em 1536, se estabeleceu a Inquisição em Portugal, através da bula papal Cum ad nil magis.

"A maioria da população portuguesa não faz ideia da dimensão perniciosa da ação" do Santo Ofício, criado para "prender e castigar os judeus que tinham sido baptizados contra a sua vontade em 1497, embora acabasse por também perseguir outras vítimas, tais como muçulmanos, protestantes, ateus, homossexuais, feiticeiras e bígamos”, explicou o historiador, que considera ser importante assumir "o papel negativo da Inquisição em Portugal e nas ex-colónias, especialmente o Brasil, e honrar e preservar a memória de centenas de milhares de portugueses que sofreram, direta ou indiretamente, a sua perseguição".