Óscares 2019. “Assim Nasce Uma Estrela”: Bradley Cooper e Lady Gaga cantam ou (des)encantam?

Até ao dia da entrega dos prémios, os jornalistas da equipa de Online do SOL  vão fazer a sua avaliação dos nomeados para o Óscar de Melhor Filme. ‘Assim Nasce Uma Estrela’ é o segundo filme a ser avaliado. A jornalista Maria M. Fernandes deu 3 estrelas.

Será esta uma versão mais moderna do filme de William Wellman de 1937? A resposta é lógica, ou não fosse esta uma história semelhante à de Wellman… E outros tantos. Desta vez a história tem como protagonistas Lady Gaga e Bradley Cooper que, além de personagem, estreia-se como realizador.

Hollywood já ouviu contar e cantar esta trama várias vezes. Aliás, já ouviu mais do que uma e duas vezes. A primeira foi logo em 1937, pelas mãos de William Wellman – “Nasceu Uma Estrela” -, com Janet Gaynor e Frederic March como protagonistas. A segunda foi contada por George Cukor, em 1954, passados 17 anos – “Assim Nasce Uma Estrela” chegou ao grande ecrã pela mão de Judy Garland e James Mason. Na terceira vez, Hollywood voltou a apresentar o mesmo género de história: uma rapariga com talento para a música que é ajudada por alguém para subir na carreira. “Nasce Uma Estrela” foi realizado por Frank Pierson, em 1976, e é também uma história redirecionada para o mundo da música, com Barbra Streisand e Kris Kristofferson.

Agora (será a última vez?) chegou a versão dos tempos modernos – “Assim Nasce Uma Estrela” mantém-se no terreno da música e está nomeada para quatro categorias da maior gala de cinema do mundo, os Óscares. O “remake” de Bradley Cooper deu-lhe nomeações para as categorias de ‘Melhor Filme’, ‘Melhor Atriz, ‘Melhor Ator, ‘Melhor  argumento adaptado’.

Para interpretar Jackson Maine, conhecido como Jack, Bradley Cooper teve de aprender a tocar guitarra como uma verdadeira estrela de rock e aprofundou os conhecimentos de música com aulas de canto. Enquanto realizador, acertou no par escolhido para cantar. Cooper e Gaga cantaram sempre ao vivo para dar mais autenticidade às sequências musicais do filme. No entanto, é um esforço do ator que, embora reconhecido, não foi marcante – Gaga tomou conta de toda a parte musical, sem dar margem a outros talentos para crescer.

Neste filme, Lady Gaga faz de Ally, uma ascendente a estrela de rock que conhece Jack, um cantor no auge da fama, com digressões pelo mundo fora. Um dia, depois de mais um concerto, decide fazer uma paragem por um bar e conhece Ally – uma criada de hotel que cantava, por diversão, num bar de travestis. Maine interessa-se por Ally e ajuda-a a atingir o estrelato.  Mas nem tudo é um mar de rosas e para os lados de Jack as coisas complicam-se: é um viciado em drogas e álcool e tem, além de tudo isto, um enorme problema de audição. SPOILER ALERT: A história só começa aqui. Jack acaba por ser completamente ‘esmagado’ pela voz de Ally e, à medida que esta mostra cada vez mais o seu talento, o produtor acaba por se render aos problemas de saúde e às exigências da vida, cometendo suicídio.

A certa altura, a capacidade do argumento do filme esgota-se e começam os chamados ‘clichés’: o sentimentalismo e as situações básicas da vida tomam conta do enredo.

A personagem Ally limita-se apenas a dar lugar à própria vida de Lady Gaga, mas ainda assim a sua presença é bastante positiva. Gaga entra no filme com uma postura descontraída e despachada, neste que é o seu primeiro grande papel no cinema e que lhe deu direito à nomeação para a categoria de ‘Melhor Atriz’.

“Assim Nasce Uma Estrela” é um filme fácil de ver, distrai, mas não cola ao ecrã. Há, no fundo, um limite para o número de vezes que certas histórias podem ser contadas, até mesmo em Hollywood.  Esta é uma delas.