Comité da inauguração de Trump investigado por subornos

A investigação avança a possibilidade de Trump ter recebido fundos ilegais de doadores estrangeiros

O Ministério Público norte-americano ordenou ao comité encarregado da cerimónia inaugural de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos que entregue todos os documentos relacionados com doações e atividades financeiras, segundo revelaram duas fontes próximas da investigação ao “The New York Times”.

Este pedido alarga as investigações abertas à candidatura de Trump devido a alegadas ligações à Rússia. Os investigadores procuram descobrir se houve doações feitas por entidades estrangeiras, algo proibido pela legislação norte-americana. O comité da inauguração conseguiu juntar um valor recorde de 107 milhões de dólares. 

A investigação procura também encontrar indícios de lavagem de dinheiro, apesar os mesmos poderem não recair no comité, e sejam citados apenas como justificação obter os documentos.

Apenas um nome individual foi citado na notificação, Imaad Zuberi, que já tinha angariado fundos para Barack Obama e Hillary Clinton. Zuberi estaria a tentar estabelecer laços com Trump e admitiu ter contribuído “generosa e diretamente” para o comité, salientando que não foi o único e que outros contribuíram ainda mais.

Uma das entidades que está a ser alvo da investigação é a empresa Stripe, que produz tecnologia para processamento de transações de cartões de crédito. Entre os investidores da empresa está Josh Kushner, irmão do genro de Trump, Jared Kushner, um dos conselheiros do presidente dos EUA. 

Kushner é investigado por cometer perjúrio perante o Congresso, em 2017, quando questionado sobre as suas ligações à Rússia durante a campanha eleitoral de Trump. Os investigadores encontraram posteriormente registos de um encontro entre Kushner e um advogado ligado ao Kremlin.

Uma das pessoas envolvidas no comité da inauguração foi Paul Manafort, o antigo diretor de campanha de Trump, condenado por fraude financeira e perjúrio, e que tem cooperado com a equipa do investigador especial Robert S. Mueller, encarregue do caso das possíveis interferências russas nas presidenciais de 2016.

A investigação ao comité começou com a detenção de Michael Cohen, antigo advogado pessoal de Trump, condenado por, entre outras coisas, crimes relacionados com as finanças da campanha, em que o advogado implicou o presidente dos EUA. Cohen estava em contacto com Stephanie Wolkoff, antiga conselheira da primeira-dama, Melania Trump. Wolkoff foi despedida depois da revelação que tinha recebido 26 milhões de dólares do comité da inauguração.

*Editado por António Rodrigues