O maior segredo de África foi revelado: Wakanda, um pequeno país de terceiro mundo é na verdade o pináculo da tecnologia. O filme “Pantera Negra” (“Black Panther”, no nome original) conquistou o júri da Academia e foi nomeado para sete categorias. A história do rei e guardião T'Challa – o primeiro super-herói de origem africana – está na corrida para o Óscar de melhor filme. Mas será que merece o galardão?
Na verdade, a nomeação do “Pantera Negra” para esta categoria surpreendeu-me. Não por ser um mau filme – está longe disso –, mas por ser uma típica história de super-heróis. No entanto, ao contrário dos mais recentes filmes do “Homem de Ferro”, do “Capitão América” ou dos “Vingadores”, o “Pantera Negra” aborda uma questão de discussão política bastante atual.
Ao assumir o trono, T’Challa, o filho mais velho do falecido rei T’Chaka, depara-se com uma questão: deverá o segredo de Wakanda – um pequeno país no coração de África cujo nível tecnológico é extremamente avançado graças à existência de Vibranium, um mineral extraterrestre – ser partilhado com o mundo de forma a auxiliar os restantes países ou é preferível fechar-se em si próprio para se proteger de ataques externos? Não é difícil associar esta questão aos temas que durante os últimos anos dominaram as notícias a nível mundial – desde o muro de Donald Trump à recusa de Itália em receber migrantes, por exemplo.
O facto de ter sido o primeiro super-herói de origem africana pode também ser um ponto a favor do filme, uma vez que as nomeações deste ano estão muito relacionadas com o tema do racismo.
Mas não são só as questões políticas e raciais que enaltecem o filme. Um dos trunfos do “Pantera Negra” é a construção do universo de Wakanda. Apesar do super-herói já ter aparecido num dos filmes anteriores da Marvel, esta é a primeira vez que conhecemos o país de T’Challa. E nesse aspeto a produção está fantástica porque permite aos espetadores sentirem que fazem parte de uma cultura baseada nas tradições das tribos africanas. Desde as vestes utilizadas pelas diversas personagens, os pormenores dos alargadores, dos colares, dos sapatos até às músicas que acompanham as principais cenas da história. Tudo contribui na perfeição para a criação do ambiente tribal e justifica, sem qualquer dúvida, as nomeações para Melhor Guarda Roupa e para as várias categorias referentes à música e áudio – Melhor Banda Sonora, Melhor Canção Original (com o tema “All the Stars”), Melhor Edição Sonora e Melhor Mistura Sonora.
A realização está fantástica e envolve o espetador em cada momento da trama, a qualidade dos efeitos especiais utilizados para representar o avanço tecnológico do país estão sublimes sem atingirem um exagero. Mas isso é o nível de excelência a que o UCM já nos habituou.
No entanto, apesar das sete nomeações, o “Pantera Negra” poderá ter dificuldades a colocar as garras no Óscar mais importante da noite – o de Melhor Filme – porque, apesar de tudo, é apenas mais uma história de super-heróis.
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