Eintracht. Se um alemão incomoda muita gente, quatro alemães incomodam-se uns aos outros

Em 1979-80, a Taça UEFA teve quatro clubes alemães nas meias-finais. Um exagero! O adversário do Benfica na Liga Europa conquistou o primeiro e único grande troféu da sua história, se não contarmos com a Intertoto de 1967.

As meias-finais da Taça UEFA da época de 1979-80 foram verdadeiramente incomuns. Mesmo que ligeiramente enjoativas. Ou melhor: germanicamente enjoativas. Ora vejam: Bayern de Munique- Eintracht Frankfurt; Estugarda-Borussia Mönchengladbach. Parecia a velhinha lengalenga dos incomodativos elefantes.

Para o Eintracht, adversário do Benfica na Liga Europa deste ano, era tempo de festa e de recordação. Primeiro porque atingir fases deste calibre nas taças europeias nunca fez parte dos seus hábitos. Depois porque se cumpriam exactamente dez anos sobre o momento internacional mais formidando da sua existência, o apuramento para a final da Taça dos Campeões Europeus, à custa dos escoceses doRangers (6-1 e 6-3), que disputaria depois em Glasgow com o Real Madrid, tendo sido vandalizado por 7-3, tal como já tivemos oportunidade de contar, na passada semana, nestas páginas.

Não havia como recusar aos bávaros do Bayern o favoritismo na eliminatória. Ainda por cima quando, na primeira mão, em Munique, a derrota do Eintracht deixava a porta quase fechada: 0-2, golos de Hoeness e Breitner.

Ah! Mas o futebol não se compadece com triunfos antecipados. Não é essa a essência da sua magia. No Waldstadion, perante mais de 50 mil pessoas, o austríaco Pezzey fez 1-0 ao passar da meia-hora e o 2-0 a dois minutos dos 90. Uma alegria imensa tomou conta dos da casa. Karger, saltado do banco antes do prolongamento, passou o Eintracht para a frente (103’). Dois minutos mais tarde, Dremmler voltava a dar vantagem ao Bayern. Um arranque definitivo – Karger (107’) e Lorant (118’), de penalti – lança os rapazes de Frankfurt para a segunda final da sua história. O adversário, inevitavelmente alemão, seria o Borussia Mönchengladbach que fastara o Estugarda (1-2 e 2-0).

Como muitos dos que me lêem se recordarão, a final da Taça UEFA decorria a duas mãos, casa e fora, tal e qual acontecia com as eliminatórias.

No dia 7 de Maio, no Bökelbergstadion de Mönchengladbach, o desafio é entusiasmante, pleno de excitação. Karger (37’) dá avanço ao Eintracht, mas Kilik empata a um minuto do intervalo. Friedel Rauch, o treinador de Frankfurt, arrisca e vê Hölzenbein conseguir nova vantagem aos 71 minutos. Lothar Matthäus, ainda na estrada da fama, empatou (76’) e Kulik (88’) fechou o resultado.

Não é mau; não é mau, pensarão técnicos e jogadores do Eintracht. Afinal, quem revolucionara o resultado duro trazido de Munique, pode acreditar que fará o mesmo com uma diferença bem menor.

O dia 21 de Maio é dia de uma festa inovidável mas seria preciso sofrer até aos resquícios da alma. O golo da vitória surgiu aos 81 minutos, por Schaub, e o Waldstadion pareceu explodir como um vulcão.

Pela primeira e, até agora, única vez na sua história, que comemorava nessa época 80 anos, o Eintracht Frankfurt erguia uma taça europeia – não esquecendo, vá lá, a Intertoto de 1967. Agora tem o Benfica na sua frente no caminho para nova meia-final. Seria a quarta…