Mergulhemos hoje um pouco no Instituto Universitário Militar (IUM), que se localiza em Pedrouços, Lisboa, onde anteriormente se situava o Instituto de Estudos Superiores Militares (IESM).
Lá existe um Centro de Investigação e o Departamento de Estudos Pós-Graduados (DEPG).
É sobre este que nos debruçaremos agora, recorrendo à informação constante do sítio do IUM na internet, respeitante a 2019:
– Dispõe de 103 docentes civis e militares, não estando disponível o número de alunos que forma;
– É o único estabelecimento que, no ensino superior militar, realiza cursos que integram oficiais dos três ramos e da GNR;
– Ministra o Curso de Promoção a Oficial General (CPOG), os Cursos de Promoção a Oficial Superior (CPOS) e o Curso de Estado-Maior Conjunto (CEMC), todos com a duração de 1 ano letivo;
– Confere o ‘Mestrado em Ciências Militares – Segurança e Defesa’, destinado a oficiais portugueses ou estrangeiros, sendo o único curso do DEPG que confere grau académico;
– Pontualmente realiza ações de ‘formação complementar’ de curta duração – as quais, excetuando o Curso Avançado de Planeamento Militar Terrestre, não se prolongam por mais de duas semanas.
Dos cursos com maior importância e que envolvem maior número de alunos, apenas o CEMC é totalmente lecionado numa lógica de programação, preparação e emprego de forças e capacidades militares em operações ‘conjuntas’ (que envolvem meios dos diversos ramos das Forças Armadas) e ‘combinadas’ (envolvendo forças militares de mais de um país).
Mesmo o CPOG e o CPOS, além de uma componente ‘comum e conjunta’, continuam a manter uma componente específica de cada ramo das Forças Armadas ou da GNR – pois há sempre ‘especificidades’ que urge serem mantidas…
É no CPOS ou no CPOG que os oficiais dos três ramos se encontram pela primeira vez, já com cerca de 15 e 30 anos de serviço, respetivamente, mas… nem assim se consegue que trabalhem em exclusivo operações conjuntas e combinadas!
Naturalmente há exceções, pois alguns oficiais podem ter-se cruzado pontualmente – mas num evento desportivo, cultural ou social…
Antes de regressarmos às ‘academias’ – Escola Naval, Academia Militar e Academia da Força Aérea –, que iremos esmiuçar na próxima edição, seríamos profundamente injustos (e, até, pouco rigorosos) se não disséssemos que a AM, enquanto Estabelecimento de Ensino Superior Público Militar, sempre teve patamares e padrões de exigência, assim como de qualificação do corpo docente ou de investigação, francamente superiores aos demais.
A AM foi pioneira a ministrar cursos de pós-graduação e a criar um centro de investigação – mas, sobretudo, tem um corpo docente mais ‘robusto’ e qualificado.
E o ‘fosso’ entre ela e as outras academias, ao que julgo saber, tem vindo a aumentar, pois, ao contrário das outras, a AM não tem experimentado grandes dificuldades nas avaliações efetuadas pela agência responsável pela acreditação do ensino superior português.
Também não é de somenos importância mencionar que o atual comandante da Academia Militar é doutorado, aliando às qualidades militares – sobejamente reconhecidas – uma vasta obra publicada e uma ampla experiência de docência.
EN, AFA e IUM nunca tiverem um doutorado à frente dos seus destinos – e isso, gostemos ou não, tem consequências na credibilidade e na abertura institucional.
Recordemos, a propósito, que dos 6 oficiais generais atualmente afetos ao Ensino Superior Militar apenas dois são doutorados. E, sem surpresa nem corporativismo doentio, porque é pura verdade, ambos são do Exército!
Em Nome da Verdade, analisaremos então mais em pormenor as três academias no próximo número.
*Major-General Reformado