CGD. Investifino diz que não tem “meios financeiros” para pagar dívida

Em causa está uma dívida de 280 milhões ao banco público. José Manuel Fino diz que património que deu está relacionado com ações do Cimpor, do BCP e da Soares da Costa, daí esta em incumprimento. 

CGD. Investifino diz que não tem “meios financeiros” para pagar dívida

O administrador da Investifino José Manuel Fino – que também é filho do empresário Manuel Fino – garantiu que a sua empresa não tem “meios financeiros” para pagar a sua dívida à Caixa Geral de Depósitos (CGD). Em causa está uma dívida de 280 milhões ao banco público. “Não há meios financeiros para a pagar”, referiu ontem durante a sua audição e do irmão na comissão parlamentar de inquérito à recapitalização e gestão do banco público.

O empresário revelou ainda que a Investifino “não tem mais património do que deu como garantia à Caixa”, daí a sua atual situação ser de incumprimento. Este património está realcionado sobretudo com ações da Cimpor que foram entretanto vendidas, ações do BCP que sofreram forte desvalorização e ainda da construtora Soares da Costa, empresa que está atualmente em fase de reestruturação.

Uma das soluções apresentadas por José Manuel Fino para pagar a dívida à Caixa passava pela “alienação da participação na Cimpor”, no entanto, segundo o administrador “não era essa a vocação industrial do grupo”. O filho de Manuel Fino disse ainda que estava a ser estruturada uma reestruturação e “uma abertura de capital de subsidiárias internacionais, que permitiria o pagamento de dividendos extraordinários aos acionistas sem pôr em causa o futuro da Cimpor”.

Critica venda de ações

O responsável foi mais longe e considerou que a venda das ações da cimenteira pela Caixa levou ao incumprimento do serviço de dívida. A forma “totalmente imprevista e inusitada” como a CGD “decidiu imediatamente vender” ações da Cimpor em consequência da OPA da Camargo Corrêa, “apesar do preço baixo oferecido”, não permitiu à Investifino cumprir os seus compromissos com o banco público. 

José Manuel Fino sugeriu ainda que a colocação em bolsa de 49% da subsidiária brasileira [da Cimpor] daria um encaixe próximo de mil milhões de euros. “Aquilo que nos restou foi aquilo que manda o bom senso. É vender. Não iríamos ficar no mercado com uma posição de 10%, isolados”, disse o responsável em resposta ao deputado do PS Fernando Anastácio.

O empresário disse ainda não ter “entendimento para aquilo que se passou a 31 de março de 2012 [OPA da Camargo Corrêa à Cimpor]”, mas que podia “tirar algumas ilações de coincidências que se passaram desde 2010 até hoje”, acrescentando que “quando a esfera de poder se transfere para fora de quem são os responsáveis pela criação de valor, é difícil”, disse sobre a passagem de poder para fora da Cimpor, acrescentando que “não havia uma leitura correta sobre o valor” da cimenteira.

“Caso tivesse mantido a possibilidade de recompra das ações da Cimpor, negociada com a CGD, a Investifino teria reduzido a sua exposição à Caixa em pelo menos 50 milhões de euros”, defendeu.