Medicina Legal pode acabar em 10 anos se não forem tomadas “medidas urgentes”

O Instituto Nacional de Medicina Legal e Ciências Forenses poderá perder a capacidade de formar novos médicos.

Medicina Legal pode acabar em 10 anos se não forem tomadas “medidas urgentes”

Os médicos especialistas em Medicina Legal intervêm em casos de agressão, suspeitas de abuso sexual, maus-tratos, violência doméstica ou até de tortura. No entanto, de acordo com a Ordem dos Médicos, num comunicado enviado à agência Lusa, a especialidade encontra-se em risco: cerca de 70% das vagas do quadro de pessoal médico do Instituto Nacional de Medicina Legal e Ciências Forenses (INMLCF) estão por preencher.

Segundo a mesma entidade, a situação é “muito preocupante” pois só estão preenchidas 63 das 215 vagas existentes no INMLCF. A solução a que o mesmo tem recorrido é à contratação externa de peritos em regime de avença.

No comunicado, a Ordem dos Médicos avançou ainda que o INMLCF poderá perder a capacidade de formar novos médicos, algo que levará ao fim do sistema médico-legal público – pelo menos, da forma como existe atualmente e com o risco de se perder o acesso público a perícias médico-legais "isentas e gratuitas".

"A carência de capital humano é gritante", referiu ainda a Ordem dos Médicos, acrescentando que "a curto prazo, a formação de médicos internos de Medicina Legal (…) encontra-se em sério risco. Consequentemente, e caso não sejam tomadas medidas urgentes, a especialidade de Medicina Legal extinguir-se-á num período inferior a 10 anos".

Sublinhe-se que, fora do setor público, há cerca de 55 médicos especialistas em Medicina Legal, sendo que 25 têm mais de 65 anos.