Primeiro dia da visita de Trump ao Reino Unido marcado por polémicas

O primeiro dia da visita de Estado ao Reino Unido de Donald Trump foi marcado por uma entrevista polémica ao Sunday Times e pela sua – já conhecida – diplomacia pelo Twitter. 

Poucos minutos antes de aterrar, o Presidente dos Estados Unidos atirou-se a Sadiq Khan, líder muçulmando da Câmara de Londres, através da rede social.“Um falhado”, que “tem feito um péssimo trabalho” e “devia preocupar-se com o crime em Londres, não comigo”. Trump ripostava contra as afirmações de Khan durante o fim de semana, quando defendeu que o Reino Unido não devia oferecer uma visita de Estado ao Presidente numa coluna de opinião, comparando a linguagem utilizada pelo líder da Casa Branca com a dos fascistas dos anos de 1930.

Antes de voar para Londres, o Presidente norte-americano deu uma entrevista ao Sunday Times a confessar que tinha sugerido a Theresa May, primeira-ministra demissionária britânica, para não pagar a clausula de saída à União Europeia “Se fosse comigo, eu não pagaria 50 mil milhões de dólares [39 mil milhões de euros]”, criticando a estratégia de negociações de May para a saída da UE. A relação entre o líder da Casa Branca e a primeira-ministra encarregue pelo Brexit nunca foi fácil. Na visita ao Reino Unido no ano passado, Trump criticou-a por ter ignorado os seus conselhos para o Brexit, tendo mesmo dito que o seu acordo mataria a perspetiva de um entendimento de livre comércio com os Estados Unidos.

Na mesma entrevista, Trump encheu-se de elogios a Nigel Farage, líder do Partido do Brexit, e a Boris Johnson, o favorito a suceder May como líder do Partido Conservador, conhecido por ter sido um dos mais proeminentes defensores da saída do Reino Unido da União Europeia durante o referendo de 2016. “Acho que Boris faria um trabalho muito bom” e que seria “uma excelente escolha” para liderar os conservadores.

Quanto a Farage, Trump afirmou: “Gosto muito do Nigel acho que ele tem muito para oferecer”, defendendo ao mesmo tempo que o líder do Partido do Brexit devia ter um lugar na mesa de negociações de saída da União Europeia.

Quando o jornalista do Sunday Times perguntou a Trump se partilharia informações secretas com Jeremy Corbyn, líder do Partido Trabalhista, caso este se tornasse primeiro-ministro do Reino Unido, o Presidente respondeu com moderação “Teria de o conhecer primeiro”, antes de conseguir “responder a essa pergunta”.

Trump também foi confrontado pelo entrevistador com a afirmação de Meghan Markle, a atriz casada com o príncipe Harry, que o chamou de “misógino” e disse que deixaria os Estados Unidos caso o magnata do imobiliário de Nova Iorque vencesse as eleições, em 2016. Trump não se foi com meias medidas e respondeu: “Não sabia disso. O que é que posso dizer? Não sabia que ela era nojenta”. A afirmação foi gravada, mas o Presidente negou-a pelo Twitter no domingo – agitando ainda mais os meios de comunicação britânicos e norte-americanos.

Corbyn e o líder dos Partido Liberais Democrata, Vince Cable, vão boicotar o banquete de Estado do Presidente norte-americano. “A tentativa do Presidente Trump para decidir o próximo primeiro-ministro da Grã-Bretanha é uma interferência completamente inaceitável na nossa democracia”, reclamou o líder dos trabalhistas no dia anterior. Corbyn deu o seu apoio aos protestos marcados para terça-feira contra o Presidente.