Johnson compara-se ao Incrível Hulk

Johnson mostra-se determinado a levar o Brexit avante seja de que maneira for até 31 de outubro.

O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, comparou-se ao ao super-herói Incrível Hulk, personagem de banda desenhada Marvel, numa entrevista publicada este domingo ao tabloide Mail on Sunday, reafirmando a sua determinação em levar o Brexit avante no final do próximo mês. 

“Quão mais louco Hulk fica, mais forte o Hulk fica”, disse Johnson, prometendo que irá concretizar a saída do Reino Unido a 31 de outubro – data limite – seja de que forma for. Johnson parece querer desafiar o Parlamento, que passou uma lei que o força a procurar um adiamento até 31 de janeiro do próximo ano caso não consiga um novo acordo com Bruxelas ou que este não seja aprovado pela Câmara dos Comuns. 

“Mas eu vou àquela cimeira e vou conseguir um acordo. estou muito confiante”, salientou, no entanto, o chefe do Executivo britânico, referindo-se ao encontro do Conselho Europeu nos dias 16 e 17 de outubro. 

Johnson quer ver retirada do acordo a cláusula de salvaguarda na fronteira entre a Irlanda e a Irlanda do Norte, que visa evitar que se erijam barreiras físicas entre os dois países. Por isso, alegou ao tabloide que já havia feito imensos “progressos” nas negociações e que Dublin, Berlim e Paris estavam prontos para ceder à sua exigência. “Há uma conversa muito, muito boa a decorrer sobre como resolver os problemas da fronteira com a Irlanda do Norte. Tem-se feito um enorme progresso”, disse Johnson. 

“Mesmo pelos padrões trumpianos, a comparação com o Hulk é infantil. A UE deveria ter medo disto? [Espera-se que isto] impressione o público britânico? Estará Boris Johnson a fazer-se de forte?” , acusou Guy Verhodstadt, coordenador do Parlamento Europeu para o Brexit.

O ainda presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, irá encontrar-se com o primeiro-ministro britânico esta segunda-feira. Em entrevista à rádio alemã Deutschlandfunk, Juncker disse que uma saída não negociada “seria um caos terrível”. “Precisaríamos de anos para pôr as coisas em ordem. Quem ama o seu país, e suponho que haja patriotas na Grã-Bretanha, não desejaria ao seu país tal destino”. 

A salvaguarda foi um dos pontos fracos da antecessora de Johnson, Theresa May, e o Parlamento rejeitou por três vezes o acordo negociado por ela com Bruxelas. Os dois lados continuam em pontos completamente opostos nesta questão. 

Johnson tem sido criticado por não apresentar um plano alternativo à salvaguarda. Mas na última quarta-feira, Londres apresentou uma proposta a Bruxelas, sugerindo trocar o backstop por arranjos “específicos com a Irlanda” para controlar os bens que atravessam a fronteira. Não é claro se tal agradará tanto a Dublin como a Bruxelas.