Elisa Ferreira garante que conflito de interesses é uma “questão arrumada”

Na quinta-feira passada, a comissão de Assuntos Jurídicos do Parlamento Europeu tinha levantado dúvidas sobre as suas ações na Sonae e em relação ao cargo do seu marido.

Elisa Ferreira, comissária indigitada para o cargo de Coesão e Reformas, afirmou esta terça-feira que a possível existência de conflito de interesses em relação à sua carteira de ações no grupo Sonae e ao cargo do seu marido, é uma questão “arrumada”. A garantia foi dada aos jornalistas pela ex-vice-governadora do Banco de Portugal, no Parlamento Europeu, depois de a comissão de Assuntos Jurídicos do órgão sediado em Bruxelas ter alertado, na semana passada, para a possível existência de conflito de interesses.

“De qualquer maneira, fiquei um bocadinho surpreendida, porque não estou a ver exatamente qual é o conflito que pode existir entre o interesse público defendido pelo Estado e o interesse de um funcionário público que, no fundo, exerce funções sob o controlo da administração central portuguesa”, admitiu, citada pela agência Lusa, referindo-se ao cargo do seu marido, Fernando Freire de Sousa, presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional Norte (CDDR), responsável pela aplicação de fundos comunitários. 

Na semana passada, após ser avaliada a sua declaração de interesses, como é obrigatório a todos os comissários indigitados, alguns eurodeputados europeus levantaram dúvidas em relação às ações que detinha na Sonae, no valor de 13 800 euros, por a empresa estar registada na União Europeia como uma empresa lobbyista. Logo na quinta-feira passada, a comissária indigitada deu ordem de venda das participações. 

“O júri perguntou-me se não poderia vender uma participação acionista muito pequenina numa empresa portuguesa e, imediatamente, até antes da carta [da comissão] chegar já tinha vendido, porque de facto não tinha nenhum interesse naquilo, e se aquilo era perturbador, tudo bem”, desabafou, citada pela agência portuguesa, sublinhando a sua concordância com o escrutínio: “Faz parte e acho que é muito bom que sejam postas as coisas de uma forma clara”.

A portuguesa adiantou ainda, em relação ao cargo do seu marido, que a questão não teve assim tanta importância: “Aqui no Parlamento Europeu, o assunto não foi minimamente valorizado, porque encontraram o outro interesse que poderia estar em conflito com o interesse público”. 

Esta terça-feira, foi a sua primeira visita ao Parlamento Europeu como comissária designada para a pasta de Coesão e Reformas, atribuída pela presidente eleita da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, tendo-se reunido com vários eurodeputados que participarão na supervisão das áreas que ficarão sob a sua tutela: os quais não lhe manifestaram reservas sobre os possíveis conflitos de interesse, diz o Público

Durante a tarde, Elisa Ferreira encontrou-se com o presidente do Parlamento Europeu, David Sassoli, para “trocar algumas impressões e ouvir quais as suas expectativas relativamente ao próximo mandato da comissão”, disse, citada pela TSF. A comissária indigitada estará presente na Comissão de Desenvolvimento Regional do Parlamento Europeu, no próximo dia 2 de outubro.