Um grupo de investigadores de Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC) lançou, esta quinta-feira, um alerta acerca dos perigos do percevejo asiático, "inseto problemático" que, "com certeza", vai incluir Portugal na "já longa lista de países invadidos", lê-se na nota enviada, esta quinta-feira, à agência Lusa.
Para sensibilizar a população em geral, e "os produtores agrícolas em particular", a equipa de investigadores do FLOWer Lab (Centre for Functional Ecology) da FCTUC está a desenvolver "uma campanha de sensibilização sobre a problemática desta praga", refere a FCTUC.
O inseto é nativo do oeste asiático e foi introduzido acidentalmente no continente americano (nos EUA em 2001 e no Chile em 2017) e europeu (Suíça em 2004), "tendo expandido a sua distribuição a partir destes pontos de introdução, contando já com 22 países invadidos", cita a agência Lusa.
"No início de 2019 o inseto foi intercetado na região de Pombal" (distrito de Leiria), em equipamento agrícola importado de Itália, "país europeu onde se estão a verificar mais prejuízos económicos", sublinharam os investigadores.
"O estabelecimento de mais uma praga agrícola no nosso país, especialmente de um inseto picador-sugador capaz de se alimentar em mais de 300 espécies de plantas nas suas diferentes estruturas (frutos, folhas, rebentos…), incluindo inúmeras plantas de interesse agrícola, poderá ter efeitos muito negativos para a agricultura", avisa o investigador do FLOWer Lab João Loureiro.
"É durante o período de atividade em que se alimenta (de abril a novembro) que inviabiliza comercialmente os produtos agrícolas (provocando cicatrizes, depressões, descolorações, deformações e/ou queda)", acrescentou.
"As perdas a este nível podem chegar a 90% de produção e culturas agrícolas como o tomate, milho, pera, uva e laranja, tão relevantes no contexto nacional, podem vir a ser severamente afetadas, sem que haja ainda uma forma eficaz de controlo", alertou o docente da FCTUC.
João Loureiro explcou ainda que "a procura do inseto por abrigos, nomeadamente no interior de casas e barracões, para a fase de diapausa (hibernação) durante os meses frios (dezembro a março), leva uma concentração elevada de organismos — na ordem dos milhares de insetos — agravada pela libertação de odores nefastos quando perturbados".
O objetivo desta campanha de sensibilização passa por evitar a “expansão silenciosa” potenciada por um clima favorável.
Há que identificar e denunciar avistamentos suspeitos. O estado de alerta é "a melhor medida que se pode tomar neste momento e a ajuda de todos é essencial, principalmente através da participação ativa dos produtores agrícolas", sublinhou ainda Hugo Gaspar, também investigador.