Brasil. Bolsonaro pede auditoria externa ao próprio partido

O chefe de Estado entrou em rota de colisão com o PSL, instrumental na sua chegada ao poder

Jair Bolsonaro, presidente do Brasil, juntou-se a mais 21 parlamentares do Partido Social Liberal (PSL), entre os quais os seus filhos Eduardo Bolsonaro (deputado federal) e Flávio Bolsonaro (senador), num pedido formal para que seja realizada uma auditoria externa àquele organismo – que ainda em 2018 foi absolutamente instrumental na campanha do atual chefe de Estado brasileiro.

No documento, onde é requerido que o partido forneça documentos e informações sobre as contas nos últimos cinco anos, os advogados de Bolsonaro explicam que o objetivo é saber se a aplicação dos recursos públicos recebidos pelo PSL é feita de forma correta. Segundo se pode ler no texto, uma análise preliminar nas prestações de contas entregues à Justiça Eleitoral mostra que estas "são sempre apresentadas de forma precária".

"O notório sucesso do PSL na campanha eleitoral de 2018, oportunidade em que elegeu 54 deputados federais, é o fator que resultou no súbito incremento de mais de 10 vezes nos recursos públicos que receberá neste ano. Com isso, calha a responsabilidade de rigoroso acompanhamento das despesas do partido", pode ler-se no documento a que o G1 teve acesso.

Há três dias, Jair Bolsonaro deixou no ar a hipótese de abandonar o PSL, com o presidente do partido, Luciano Bivar, a declarar mesmo que o presidente brasileiro já não fazia parte deste. Entretanto, Bolsonaro voltou atrás, afirmando que "por enquanto" permanecerá no partido e comparando a crise no mesmo a uma "discussão entre marido e mulher". "O problema não é meu. O pessoal quer um partido diferente, atuante, porque o partido está estagnado. Não há confusão nenhuma", afirmou.

Além dos conflitos internos, o PSL enfrenta ainda problemas na justiça: na semana passada, o Ministério Público (MP) Eleitoral do Estado de Minas Gerais acusou o atual ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, de desvios de recursos do fundo eleitoral de 2018, do PSL, bem como outras dez pessoas (todas ligadas ao partido) dos crimes de falsidade ideológica, apropriação indevida eleitoral e associação criminosa. De acordo com o jornal "Folha de São Paulo", também a campanha eleitoral de Bolsonaro saiu beneficiada com esse desvio de verbas.